O estrangeiro é uma figura singular na história do Ocidente. Essa entidade misteriosa é capaz de suscitar convulsões sociais que deságuam em atitudes como medo, intolerância, desprezo e, por fim, exclusão. Aristóteles, responsável pela primeira sistematização do pensamento clássico e talvez a maior mente que já tenha habitado esse planeta, tinha consciência desse “perigo” e não deu lugar a eles em seus tratados sobre os arranjos institucionais de uma sociedade.
Quem já pôde passar ao menos uma temporada mais extensa na Europa certamente se deparou com essa realidade. O imigrante, seja lá de onde for, terá sempre um lugar marginal na sociedade. Sobre ele, pesará uma certa desconfiança, seja na informalidade das relações sociais, seja na formalidade do excesso de burocracia que lhe é imposta. Lampedusa, a cidade italiana que recebe milhares de imigrantes clandestinos vindos da África todos os anos, é o retrato mais dramático desse tipo de exclusão.
Em contrapartida, temos o Brasil da...