A imprensa internacional repercutiu nesta semana a notícia de que o governo iraquiano quer aprovar uma lei que, entre outras coisas, reduz a idade mínima para o casamento forçado de mulheres dos atuais 18 anos para 9 anos. Isto valerá, se aprovado, apenas para os xiitas, que representam 60% da população iraquiana.
Não vou perder linhas condenando o que já é mesmo indefensável. Mais importante é refletir sobre os fundamentos da crítica que pode ser posta a um projeto como esse. Abrimos espaço, assim, para uma pergunta de fundo: que categorias de pensamento nos legitimam a condenar uma lei como essa? É possível fazer isso sem violar o respeito pela alteridade de uma cultura que não conhece e não se pode compreender?
É muito difusa hoje em dia, inclusive em ambientes acadêmicos, uma antropologia que considera o homem apenas do ponto de vista de suas interações sociais. Assim, o ser humano seria definido em sua essência pelo meio no qual vive e seu conjunto de valores seria meramente...