Noiva aos 9

A imprensa internacional repercutiu nesta semana a notícia de que o governo iraquiano quer aprovar uma lei que, entre outras coisas, reduz a idade mínima para o casamento forçado de mulheres dos atuais 18 anos para 9 anos. Isto valerá, se aprovado, apenas para os xiitas, que representam 60% da população iraquiana.

Não vou perder linhas condenando o que já é mesmo indefensável. Mais importante é refletir sobre os fundamentos da crítica que pode ser posta a um projeto como esse. Abrimos espaço, assim, para uma pergunta de fundo: que categorias de pensamento nos legitimam a condenar uma lei como essa?  É possível fazer isso sem violar o respeito pela alteridade de uma cultura que não conhece e não se pode compreender?

É muito difusa hoje em dia, inclusive em ambientes acadêmicos, uma antropologia que considera o homem apenas do ponto de vista de suas interações sociais. Assim, o ser humano seria definido em sua essência pelo meio no qual vive e seu conjunto de valores seria meramente...

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Labirinto de Kiev

Obama entrou no labirinto construído pela Rússia e o minotauro fantasiado de Vladimir Putin brinca com o líder do “free world”. A cada passo que dá, o presidente americano se perde mais, sobe o tom da retórica e, assim, aumenta o constrangimento de um possível recuo no futuro. Impávido, o minotauro sabe que seu oponente não tem para onde correr.

Na terça-feira, apenas alguns dias depois da reunião em Genebra que apontava para uma saída acordada à crise ucraniana, o governo de Washington anunciou novas restrições econômico-diplomáticas a Moscou. Proibiu empresas – algumas delas suspeitas de lavar dinheiro para Putin – de comercializar com companhias americanas. Ao todo, 17 empresas e sete pessoas sofreram as sanções e tiveram seus ativos nos Estados Unidos bloqueados.  

No dia seguinte, manifestantes pró-russos retomaram a invasão de prédios na cidade de Lugansk, leste da Ucrânia, aos olhares das forças de segurança, que não reagiram. Impotente, Kiev limitou-se a demitir os oficiais...

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Bem-vindo

Caro leitor, 

Abro este blog com algumas poucas palavras de apresentação. Sou Thiago Borges, repórter desta Cidade Nova há pouco menos de dois anos. A partir de hoje postarei semanalmente neste espaço algumas considerações a respeito da política mundo afora. Desejo, com isso, abrir um espaço de diálogo com você a respeito do que Estados, organizações e pessoas têm feito de relevante em política do lado de lá de nossas fronteiras.

Minhas credenciais são modestas, por isso prefiro ver este blog como um espaço de experimentação e diálogo, no qual todas as opiniões são bem-vindas e todas as reflexões encontrarão eco. Portanto sinta-se à vontade, pegue uma cerveja ali na geladeira e acomode-se. Vamos falar de política internacional.



Sobre

As relações entre governos, organizações e demais atores no espaço físico, virtual e conceitual que extrapola as fronteiras de um Estado lança novos desafios para a atuação da fraternidade na política. A ausência de um agente com legitimidade coercitiva expõe o drama, mas também as possibilidades, da relação fraterna entre sujeitos em condição de paridade, responsabilidade mútua e liberdade para cooperar ou não uns com os outros. Neste blog, abordaremos os desdobramentos desse fenômeno.

Autores

Thiago Borges

Repórter da revista Cidade Nova há quase dois anos, é jornalista formado pela faculdade Cásper Líbero. Foi redator da agência internacional de notícias Ansa por três anos e concluiu recentemente uma pós-graduação em Filosofia Política no Instituto Universitário Sophia, em Florença – Itália.