Adeus, Orkut

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Até pouco tempo falar em Orkut era símbolo de descompasso. Como alguém ainda poderia se manter ativo na “dinossaurica” rede social diante do poderio e influência do Facebook, LinkedIn, Twitter e Instagram? Eis que no último dia 30, o Google decidiu acabar com o Orkut e programou seu fim para o dia 30 de setembro. Bastou o anúncio e uma onda de nostalgia se abateu por milhares de internautas brasileiros. Era hora de se despedir da primeira plataforma a ter sucesso na integração de usuários da web. Uma experiência tão fascinante a ponto de arregimentar em seu auge 40 milhões de contas só no Brasil.

Entre scraps, depoimentos, comunidades, o saldo é positivo. Entender parte da última década (2001 – 2010) passa necessariamente pelo que foi produzido no Orkut. Uma memória virtual gigantesca que retrata esta transformação da sociedade nas relações sociais. Grande parte de nossa convivência – e já é um clichê dizer isso – migrou para a web. Lá encontramos amigos, trocamos...

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A culpa é das estrelas

Não resisti: fui assistir A culpa é das estrelas. Sabia da fama do livro, mas desconhecia seu conteúdo – não por falta de interesse; era só uma questão de prioridade.... Me avisaram para levar uma quantidade substanciosa de lenços ao cinema. O choro, diziam, era inevitável.

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Fui a uma sessão no meio da semana, no meio da tarde, quando as salas são mais vazias e costumam reunir muitos aposentados e alguns estudantes. Na minha fileira, perto do fundão, havia quase ninguém. O fundão, no entanto, estava repleto de garotos e garotas – bem mais garotas, para falar a verdade. Com a projeção iniciada, elas reagiam intensamente a cada conflito e novidade deflagrados na tela. Era um misto de reações: suspiros apaixonados, risadas tímidas, gargalhadas e, claro, rios de lágrimas. Perto do fim do filme, até achei que deveria perguntar se estava tudo bem, tamanho a dor do soluçar das meninas. Segurei a compaixão deliberada. Chorar faz bem, pensei.

Antes que você me ache um...

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Rock renasce vigoroso com os Titãs

Na seção Teen da mais recente edição de Cidade Nova, fui investigar os motivos da morosidade do rock no Brasil atualmente. Onde estão as bandas? Por que elas não fazem mais diferença? Virou mesmo produto de nicho? Basta lembrar que o último grande hit do BR-rock foi Anna Julia, lançada pelos Los Hermanos em 1999. Uma recente pesquisa do Ibope mostrou que o gênero ocupa só 3% da programação das FMs. Somos o país do sertanejo, ora.

A referência “mais genuína” de rock continua atrelada aos grupos dos anos 80, como Titãs, Paralamas, Legião, Ira!, Plebe Rude, Capital Inicial e por aí vai. Mesmo os representantes dos anos 90, que foram mais sofisticados, não são automaticamente colocados nesta lista. Isso inclui Skank, Raimundos, Planet Hemp, Nação Zumbi, Pato Fu e o Los Hermanos.

É difícil afirmar e se contentar que não haja público para o rock, que o jovem brasileiro não liga para o gênero. O retorno das rádios 89FM, em São Paulo, e da Rádio Cidade, no Rio de Janeiro, são exemplos de que...

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Namorar ou não namorar?

O início da Copa do Mundo no Brasil nesta quinta, 12 de junho, colocou para escanteio o dia dos namorados. Muitos casais adiantaram ou postergaram a comemoração. Os mais românticos vão dizer que todos os dias são dignos para troca de presentes, carinhos e mensagens de encharcar o coração. Existe ainda a turma dos céticos, que vê a data apenas como mais um impulso consumista de uma sociedade capitalista. Há também a ala dos desolados, comprimidos por uma solidão que ganha força no período.

Namorar ou não namorar é uma das “pressões” mais comuns na fase adolescente. O corpo é movido por paixões avassaladoras, mas o que sobra de consciência quase sempre indica esperar o tempo passar para, então, assumir um compromisso tão sério. Grande parte das vezes esta porção racional vem pelos conselhos dos mais velhos, em especial dos pais.

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É sempre difícil entender e acatar conselhos como estes. Parece que vai contra a tudo aquilo que o mundo nos apresenta. A vontade é de beijar, sair e...

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No embalo da Copa

Diferente do que se vê e ouve nas ruas, no mundo publicitário o clima de Copa já chegou. É só ligar a televisão em qualquer horário do dia para ser invadido por dezenas de campanhas atreladas ao Mundial no Brasil. Nesta lista imensa entram as marcas patrocinadoras oficiais da Fifa, as que investem na seleção brasileira (CBF), aquelas que abraçam um jogador como garoto propaganda e também as que só pegam carona na temática vigente. Enfim, é uma overdose.

As soluções aplicadas pelas agências nestas peças audiovisuais buscam enaltecer a catarse coletiva provocada pelo futebol. Quase todas se apegam neste quesito emocional, apoiado num sentimento patriótico, de elementos que dão identidade a um povo. Há também narrativas mais descontraídas, que procuram se aproveitar do carisma de ídolos ou mesmo do aspecto lúdico do esporte.

Foto: Rafael Ribeiro/CBF


Nem é preciso dizer o quão rentável é uma Copa. A audiência gigantesca do evento transforma o Mundial num produto valiosíssimo. Os...

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Ídolos de verdade

Num mundo marcado pela forte concorrência, é natural que candidatos a ídolos apareçam a todo instante. No esporte não é diferente. Ora impulsionados por mérito próprio, ora projetados demasiadamente pela imprensa, estes atletas começam a habitar o imaginário de cada um de nós, servindo de referência pessoal, profissional ou meramente esportiva. Na adolescência, em geral, este grandes exemplos tem um papel ainda mais definitivo.

Ídolos farsantes, que existem aos montes, podem até cumprir sua agenda profissional com certo brilhantismo, mas é comum demonstrarem certa soberba, atraídos pela volúpia da fama, sucesso meteórico e, claro, pelas montanhas de dinheiro. A lógica financeira, muitas vezes, acaba por esconder uma falha de caráter. Um exemplo recente: o goleiro Felipe, do Flamengo. É um jogador competente, com passagens por grandes clubes e que poderia exercer certa liderança no grupo, como é comum em atletas desta posição. Sua postura, porém, joga por terra todas as virtudes que...

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Sobre

Pitacos, reflexões e provocações sobre música, cinema, jornalismo, cultura pop, televisão e modismos.

Autores

Emanuel Bomfim

Emanuel Bomfim nasceu em 1982. É radialista e jornalista. Escreve para revista Cidade Nova desde 2003. Apresenta diariamente na Rádio Estadão (FM 92,9 e AM 700), em SP, o programa 'Estadão Noite' (das 20h às 24h). Foi colaborador do 'Caderno 2', do Estadão, entre 2011 e 2013. Trabalhou nas rádios Eldorado, Gazeta e América.