Depois de domingo...

"A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais”. Essa famosa frase, adaptada e atribuída a Winston Churchill[1], primeiro ministro do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial, diz muito sobre nossa relação com o sistema político que adotamos, no Brasil e na maior parte do mundo, para manter a casa em ordem em nossas cidades, estados, países...

Muita coisa mudou desde que Churchill proferiu tais palavras em 1947: diversos países, entre os quais o Brasil, experimentaram o gosto amargo de autoritarismos de todos os tipos e reestabelecerem, depois de anos de sofridas ditaduras, a ordem democrática. Mas sua observação permanece reveladoramente atual porque, hoje, como outrora, temos que lidar com as inúmeras imperfeições do nosso sistema. Apesar disso, não há como não reconhecer seu maior valor: permitir que TODOS participem – no mínimo através do voto – da definição dos rumos do país.

Há insatisfação com esse ou aquele governo? É possível substituí-lo em...

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Segundo turno: espírito crítico e construtivo

Outro dia, conversando com um amigo sobre política, perguntei-lhe o porquê de sua adesão incondicional a determinado partido. Como bom interlocutor, ele me apresentou uma série de motivos, mas aceitou refletir sobre o assunto e se manteve aberto ao diálogo, que volta e meia retomamos. Algum tempo depois, quando falávamos sobre outro tema de nossa predileção, ele me questionou de maneira semelhante: como eu poderia continuar acreditando em um time tão decadente como o Palmeiras? Respondi-lhe que, quando o assunto é futebol, permito-me certas doses de irracionalidade.

Em política, porém, creio que não podemos nos dar esse luxo. É necessário superar as paixões – compreensíveis, em se tratando de tema tão importante – e buscar informações confiáveis, nas quais possamos fundamentar nossas escolhas. Um dos grandes desafios nesse sentido é interpretar os dados que os candidatos apresentam com uma desenvoltura que nem sempre é diretamente proporcional à verdade.

Um importante aliado nesse...

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5 ferramentas online que ajudam a votar bem

Foto: Pico/Fotolia

Ainda dá tempo de se preparar bem para as eleições, que estão cada vez mais próximas. Que tal aproveitar o fim de semana para explorar algumas ferramentas fantásticas, disponíveis gratuitamente na internet, para escolher os melhores candidatos? Confira! 

Google Eleições 2014

Nesta página criada pelo Google é possível saber quem são os mais de 20 mil candidatos que esperam receber nosso voto no dia 5 de outubro. Um mapa interativo permite fazer buscas por cargo e estado da federação e filtrar os resultados por partido. Ao clicar no nome do político, você tem acesso a informações como profissão, idade, bens declarados, coalisão, nível educacional e página na internet, tudo com base em informações do Tribunal Superior Eleitoral.

O site também disponibiliza, links para perfis detalhados de cada candidato, elaborados pela Transparência Brasil, com informações sobre ocorrências na justiça e nos tribunais de contas, produtividade legislativa e comportamento nas votações...

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A esterilidade da agressão verbal

Navegando pelo Facebook algumas semanas atrás, deparei-me com uma acalorada discussão a respeito de um comentário postado por um comediante no Twitter, dizendo ser impossível alguém “com estudo” votar em determinado candidato: essa pessoa devia “estar ganhando algo”, dizia ele. O resultado foi uma avalanche de internautas “gabaritados” respondendo votar em tal candidato apesar de não ganharem nenhum centavo por isso. Não dou “nome aos bois” porque meu objetivo aqui não é discutir – e muito menos sustentar – o apoio político a esse ou àquele partido, mas refletir sobre a forma com que se costuma fazer isso.

Comunicação. Foto: Ivan Prole/Free Images

Quem nunca presenciou discussões – não só sobre política – que descambaram para a agressão verbal? No trabalho, na escola, na universidade, na vizinhança, nas redes sociais, entre outros ambientes que frequentamos diariamente, não é raro nos depararmos com afirmações taxativas, cheias de adjetivos negativos, generalizações,...

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Quem tem medo da participação?

No segundo semestre do ano passado, impulsionados pela efervescência social ocasionada pelas Jornadas de Junho, decidimos, em reunião de pauta da redação, dedicar uma série de reportagens à questão da democracia participativa. Pretendíamos, desse modo, refletir sobre como toda aquela energia presente nas ruas do país poderia ser canalizada para mecanismos de participação contínua que levassem às transformações almejadas por tantos brasileiros.  Coube a mim a tarefa de desenvolver três matérias sobre o assunto, que foram publicadas nas edições de outubro, novembro e dezembro de 2013.

Montagem: Giceli Valadares

Na primeira delas, intitulada “O Brasil continua em nossas mãos”, mencionei o projeto do governo federal de instituir, até novembro daquele ano, a Política Nacional de Participação Social (PNPS), o que acabou não acontecendo. Há menos de duas semanas, porém, o projeto foi oficializado por meio do Decreto 8.243, de 23 de maio 2014, com o objetivo de “fortalecer e articular os...

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Participação "padrão FIFA"

Às vésperas da Copa do Mundo – e perto de completarmos um ano desde as Jornadas de Junho de 2013 – vemos uma intensificação das manifestações de rua em todo o país. Movimentos sociais e diversas categorias profissionais têm aproveitado a proximidade do megaevento esportivo para mostrar, literalmente para todo o mundo (nem sempre com os métodos mais adequados), suas insatisfações e reivindicações.

“Não vai ter Copa”, bradam alguns,  “da Copa eu abro mão, quero dinheiro para saúde e educação”, reclamam outros. Isso sem falar da famosa fórmula “reivindicação + padrão FIFA”, usada e abusada nos últimos tempos para explicitar o anseio popular por serviços públicos de qualidade. São frases de efeito com forte potencial agregador, sobre cujos fundamentos deve-se, no entanto, refletir.

Rio de Janeiro-RJ, 15/04/2014- Manifestantes, em apoio aos ex-moradores do prédio da Oi, no Engenho Novo, zona norte da capital fluminense, protestam em frente a sede da prefeitura do Rio de Janeiro. Foto:...

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Sobre

Pensar e agir politicamente é como arrumar a casa. Podemos até não gostar do empenho requerido pela árdua tarefa, mas, se quisermos habitar um ambiente de paz e dignidade, é necessário cumpri-la. Cada ato nosso tem consequências para aqueles que compartilham conosco um bairro, uma cidade, um estado, um país. Para além das necessárias distinções entre as esferas pública e privada, a construção do bem comum só é possível por meio de interações saudáveis entre o Estado e seus diferentes poderes, a economia e a sociedade civil. A missão de desatar os nós desse complexo e fascinante emaranhado de relações cabe a todos nós.

Autores

Daniel Fassa

Formado em Jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP), Daniel Fassa é pós-graduado em Filosofia Política pelo Instituto Universitário Sophia (Florença, Itália), mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP e doutorando na mesma área pela PUC-Rio. É repórter da revista Cidade Nova e editor deste Portal.