Futebol a serviço de todos: um desafio e tanto

A pergunta que eu mais tive que responder na última semana, morando aqui na Europa, foi sobre minha opinião a propósito do rebuliço social às vésperas da Copa do Mundo no Brasil. Italianos, alemães, suíços, todos querem escutar uma impressão ponderada, sem os exageros midiáticos, a respeito do momento atual que o nosso país está vivendo.

Copa Gringos. Foto: Divulgação

Como resposta, quase sempre digo o mesmo: a grande adesão popular aos protestos no período pré-Copa é resultado do descaso político que vem se arrastando, há alguns anos, no Brasil. A revolta diante dos gastos relacionados ao evento esportivo é só “a ponta do grande iceberg” que se formou com o passar do tempo.

Dessa forma, eu procuro dizer que, mesmo que de maneira indireta, o futebol pode estar contribuindo para a importante tomada de consciência coletiva sobre a situação socioeconômica em que o país se encontra. O resultado desse fenômeno nós ainda iremos descobrir.

Futebol e sociedade

No meu post anterior, já...

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Vai ter Copa, mas e daí?

Tenho acompanhado à distância e com certa apreensão a onda de protestos, no advento da segunda edição da Copa do Mundo de futebol no Brasil. Uma coisa, porém, parece fatídica: com ou sem protestos a Copa vai acontecer. Diante disso, quais são as oportunidades reais que esse grande evento nos dá para potencializarmos interna e externamente nossas demandas de um país melhor? Como o mundo do Esporte pode ajudar nesse processo?

As Copas do Mundo e o Brasil

A primeira Copa no Brasil, em 1950, aconteceu logo após o fim da Segunda Guerra Mundial que devastou o continente Europeu. Foi o francês Jules Rimet, então presidente da FIFA - entidade máxima do futebol mundial - o grande defensor da Copa no nosso país. Segundo ele, a hospitalidade do povo, as belezas naturais e o fato de o Brasil ter sido o único país a ter disputado todas as Copas anteriores eram os motivos que justificavam a escolha.

Foto: Discretos/Flicker

De 1950 para cá, muita coisa mudou em nosso país e não foi somente a...

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A capacidade unitiva do esporte

O discurso sobre o potencial de promoção dos valores humanos que ajudam na construção de uma sociedade mais justa, quando relacionado diretamente ao Esporte, nem sempre encontra espaço nos grandes veículos de comunicação em todo o mundo. A Cúpula Mundial dos Valores do Esporte para a Paz e o Desenvolvimento, que a Cidade Nova noticiou no final da semana passada, passou despercebida pela Grande Mídia, mesmo sendo de exímia importância para a sociedade como um todo.

Foto: Valter Hugo Muniz

Realizada na sede da ONU, em Nova Iorque, a Cúpula é mais um passo do caminho concreto que, desde 2012, a comunidade internacional vem percorrendo, para facilitar o diálogo entre os jovens atletas, dirigentes, acadêmicos e especialistas. Assim, juntos, eles podem construir uma estratégia comum para a promoção de valores como a diversidade, inclusão, a construção da paz e do desenvolvimento.

Um Esporte que promova a união

Durante a Cúpula, o Alto Representante para a Aliança das Civilizações das Nações...

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Pensar o esporte como promotor do bem coletivo

O esporte, por definição, deve estar a serviço do bem-estar individual (com fins de recreação, manutenção do condicionamento corporal, da saúde e/ou competição[1]) e, principalmente, do bem-estar coletivo. Acontece que, muitas vezes, em vez de atuarem como potenciais promotores do bem social, os atores principais do esporte acabam fazendo com que ele esteja voltado unicamente para a realização dos seus próprios interesses.

A distância focal entre os protagonistas do esporte e a sociedade civil acaba acentuando a desvalorização e até mesmo o desconhecimento de algumas das modalidades esportivas. Por outro lado, quando valorizadas e reconhecidas, as modalidades que obtêm conquistas, tanto no âmbito educacional como no econômico, muitas vezes não se preocupam em torná-las um legado para todos.

Uma definição global

Fair play é uma expressão de origem inglesa que, segundo o dicionário da língua portuguesa Houaiss, significa tanto “tratamento imparcial; equidade”, como “jogo limpo”, em que...

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Sobre

Fazer do esporte um instrumento de promoção da fraternidade é aceitar o desafio de descobrir, acima de tudo, a prática de atividades físicas como possibilidade de encontro, de relação. Em uma competição esportiva, o adversário não é um inimigo, nem o jogo uma batalha. Por isso, respeitar as regras predefinidas e preservar um espírito de lealdade e honestidade tornam-se elementos essenciais para que o esporte realize a sua missão socioeducativa. Neste blog, queremos identificar, discutir e descobrir os grandes promotores do esporte no Brasil e no mundo e, com eles, refletir sobre valores que ajudam a edificar a nossa sociedade.

Autores

Valter Hugo Muniz

Jornalista com experiências internacionais na Ásia (Indonésia) e na África (Costa do Marfim). Atualmente mora em Genebra, na Suíça. É formado em jornalismo pela PUC-SP. Trabalhou em agências de comunicação, empresas multinacionais, editoras e na televisão. Concluiu recentemente uma pós-graduação no Instituto Universitário Sophia, em Florença, Itália.