A Páscoa é uma das festas religiosas amplamente celebradas até mesmo por quem não é assumidamente cristão. A troca de ovos de chocolate e a lembrança de Jesus Cristo como modelo de Amor radical são ambos símbolos da alegria pela vitória da vida. Entretanto, a Páscoa também pode ser uma interessante oportunidade para refletir sobre a relação entre esporte e religião.
No universo esportivo são comuns os rituais que exprimem o elemento religioso. Orações antes das partidas de vôlei ou basquete, o sinal da cruz antes de uma prova de atletismo e até mesmo as tatuagens e comemorações de gol dos futebolistas pelo mundo a fora são alguns exemplos da presença de atletas que confiam a Deus seu desempenho esportivo.
Porém, um exemplo em particular da relação entre esporte e religião me chamou a atenção no último mês. Estive no Reino Unido por motivos pessoais e lá pude conhecer um incrível torneio esportivo promovido pelas igrejas cristãs das Midlands Ocidentais (West Midlands, em inglês), metrópole localizada no centro da Inglaterra, que inclui as cidades de Birmingham, Wolverhampton e Coventry.
O Coventry Catedral F.C. é um dos times que participam da Liga Cristã de Futebol das Midlands Ocidentais. Foto: Divulgação
A Liga Cristã de Futebol das Midlands Ocidentais (West Midlands Christian Football League) surgiu em 1979 com o intuito de permitir que os jovens cristãos que se opunham a jogar aos domingos, dia de frequentar o culto nas diferentes igrejas, tivessem a oportunidade de participar, aos sábados, de uma competição futebolística amigável baseada nos princípios promovidos pelo Cristianismo. Embora a liga nunca tenha sido vista como um veículo de evangelização, ela acolhe, desde o início, também os jogadores que não são cristãos. Algumas equipes da liga são formadas por jovens de diferentes igrejas, propiciando um intercâmbio frutuoso e uma convivência extremamente enriquecedora entre os futebolistas.
Uma experiência parecida no Brasil é a da Copa Cristã Amigos e Irmãos, realizada no Rio de Janeiro. Dividida em duas divisões, ouro e prata, totalizando 15 equipes, o evento é apreciado pelos seus participantes, como o atleta Diego, da igreja Terra Prometida. Após uma das partidas do torneio, Diego fez questão de ressaltar que eventos como esse são bons “para a união e a comunhão dentro e fora de campo”.
Na Inglaterra ou no Brasil, unir esporte e religião pode ser um interessante exercício de competir com seriedade, mas sem perder o respeito, a compaixão, o amor ao próximo e outros valores que as religiões ressaltam. Futebol e religião podem sim “jogar juntos”, basta que as diferentes comunidades religiosas descubram o potencial que existe por trás dessa dupla.