Nos últimos dias, a comunidade internacional tem se defrontado com episódios dramáticos em que a vida de inocentes tem sucumbido de maneira trágica. Como aceitar passivamente a morte de milhares de sírios que, procurando salvar suas vidas fugindo de um país abandonado ao caos, acabam perdendo-as em um dos maiores cemitérios de refugiados dos século XXI: o Mar Mediterrâneo?
Foto: Divulgação
Antes de tudo, o leitor deve estar se perguntando o que faz esse assunto em um blog que deveria se ocupar com temas ligados ao universo esportivo. A razão é simples. Infelizmente, não é somente no Mar Mediterrâneo que vidas inocentes têm sido perdidas, graças ao silêncio escandaloso daqueles que as poderiam salvar. No Qatar, país que sediará a Copa do Mundo de futebol em 2022, o vítimas também são inúmeras e não param de crescer.
Em um post anterior, apresentei de maneira breve o recente projeto de incentivo ao esporte promovido pelo Qatar procurando questionar também os custos sociais desse processo. Contudo, hoje, após ler a matéria da agência de notícias internacional Zenit, denunciando os casos de morte e escravidão no país do Oriente Médio por conta dos preparativos para a Copa, achei oportuno resgatar o tema para ressaltar a importância de nos informarmos e, sobretudo, agirmos politicamente diante da injustiça social.
Segundo o Zenit “sob o sol do Catar, 1.200 pessoas já morreram na construção de estádios para o Mundial de Futebol de 2022”. As causas estão diretamente ligadas ao sistema "kafala", em que mais de um milhão de trabalhadores são obrigados a trabalhar 16 horas por dia, com 50 graus centígrados à sombra. “ Os empregados não podem deixar a empresa sem o consentimento do empregador, não têm visto para sair do país e não existe acordo claro sobre as condições de trabalho, as horas e os salários”, explica a matéria da agência internacional.
Enquanto a vida de muitos indianos e nepaleses envolvidos na construção dos estádios são descartadas de maneira horrenda, a FIFA permanece silenciosa, sem se dar conta da sua cumplicidade evidente. Da mesma forma, no Mediterrâneo, as instituições europeias observam os mortos sírios, sem tomar providencias que evitem novos casos.
E o cidadão comum? Eu, você, o que podemos fazer? Antes de tudo, nos informarmos. Depois, agir. Boicotando, protestando, denunciando e, acima de tudo, promovendo a solidariedade que acolhe e protege os mais necessitados e exigindo o desenvolvimento que não oprime os mais fracos, mas que trabalha para prover uma dignidade humana universal. Essa é uma missão da política, da economia, do esporte, mas é também um dever de cada cidadão do mundo. Mãos à obra.