Por quê o mundo ainda reverencia Senna?

No último sábado, 21 de março, o maior nome do automobilismo brasileiro completaria 55 anos. Mesmo depois de mais de duas décadas da sua morte no Grande Prêmio de San Marino, em Ímola, na Itália, Ayrton Senna continua sendo lembrado e celebrado.

São Paulo- SP, 29/03/1993- O piloto Ayrton Senna após a grande vitória no GP do Brasil de Fórmula 1. Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas

Muitas vezes, uma morte trágica é capaz de eternizar aquele que perde a vida. Senna teve uma carreira em constante ascensão e que se concluiu, por um lado de maneira dramática, mas por outro manteve o piloto brasileiro no seu auge, reconhecido pelas vitórias e o incontestável talento, sem tempo para um possível declínio.

Os resultados obtidos por Ayrton Senna durante a sua carreira e o jeito arrojado de dirigir carros de Fórmula 1, especialmente em condições climáticas difíceis, também justificam a sua fama. Senna correu por quatro equipes da categoria mais importante do automobilismo: Toleman, Lotus, McLaren e Williams, sagrando-se três vezes campeão (1988, 1990 e 1991). Das 162 corridas que disputou, ganhou 41 e subiu 80 vezes ao pódio.

Mas será que somente os aspectos mencionados acima são suficientes para manter o nome de Ayrton Senna no hall da fama dos grandes pilotos de F1? No automobilismo moderno, pilotos como, por exemplo, o heptacampeão Michael Schumacher e os tetracampeões Alain Prost e Sebastian Vettel - esse último ainda em atividade - têm resultados muito mais expressivos dentro das pistas. Mas por que, mesmo assim, Senna é tão aclamado?

Talvez o diferencial de Ayrton Senna possa ser intuído em um vídeo amplamente difundido na internet nas últimas semanas. A breve filmagem relata o dia em que o brasileiro abriu mão do seu resultado pessoal para salvar o piloto francês Erik Comas, após um grave acidente no Grande Prêmio da Bélgica, em 1992. Ao ver o carro destruído no meio da pista, Senna encostou a sua McLaren e correu em direção ao veículo do francês, que estava desacordado. Além de desligar o motor, evitando uma possível explosão do veículo, Senna prestou os primeiros socorros contribuindo decisivamente para a sobrevivência do seu colega de profissão.

 

“Sem a ajuda de Senna, eu teria morrido porque minha Ligier explodiria. Ayrton parou para me ajudar, quando meu próprio companheiro de equipe já havia passado reto. Ele tinha um coração sensacional”, afirmou Comas em entrevista a um website esportivo.

Ayrton Senna era cristão e costumava ler a Bíblia durante os voos que fazia entre São Paulo e Europa. Frank Williams, fundador e dirigente da equipe que leva o seu sobrenome, recordou que, além de um grande piloto, Senna "era um homem ainda maior fora do carro que ele estava."

Correndo atualmente na Fórmula 1, o piloto inglês Lewis Hamilton, homenageou Senna em seu perfil pessoal em uma rede social: “Feliz aniversário para o falecido, o grande Ayrton Senna. Um ídolo, uma inspiração para todos nós após tantos anos #NuncaEsqueça #GrandeDaF1 #Lenda", escreveu o piloto da Mercedes. O sobrinho de Ayrton, Bruno Senna, ex-piloto de Fórmula 1, também homenageou o tio: “Eu tive o grande privilégio de fazer parte da família e poder ter o Ayrton como tio e exemplo, então tenho muitas memórias fantásticas com ele”.

É difícil quantificar o legado de Senna fora das pistas. Contudo a admiração de ex-colegas de profissão, jovens pilotos e familiares mostra que mesmo com resultados tecnicamente inferiores, Ayrton Senna será sempre lembrado como esportista especial. 

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Sobre

Fazer do esporte um instrumento de promoção da fraternidade é aceitar o desafio de descobrir, acima de tudo, a prática de atividades físicas como possibilidade de encontro, de relação. Em uma competição esportiva, o adversário não é um inimigo, nem o jogo uma batalha. Por isso, respeitar as regras predefinidas e preservar um espírito de lealdade e honestidade tornam-se elementos essenciais para que o esporte realize a sua missão socioeducativa. Neste blog, queremos identificar, discutir e descobrir os grandes promotores do esporte no Brasil e no mundo e, com eles, refletir sobre valores que ajudam a edificar a nossa sociedade.

Autores

Valter Hugo Muniz

Jornalista com experiências internacionais na Ásia (Indonésia) e na África (Costa do Marfim). Atualmente mora em Genebra, na Suíça. É formado em jornalismo pela PUC-SP. Trabalhou em agências de comunicação, empresas multinacionais, editoras e na televisão. Concluiu recentemente uma pós-graduação no Instituto Universitário Sophia, em Florença, Itália.