A ternura no futebol

A influência econômica no Esporte, especialmente no futebol, tem uma maior relevância neste momento histórico em que nos encontramos. Nada novo até aí. Contudo, diante desse contexto, motivo frequente de desilusão, podemos sempre renovar a nossa capacidade de acompanhar as competições esportivas, procurando identificar fragmentos de fraternidade e gestos que promovem alguns valores esquecidos com o passar do tempo. Um deles eu gostaria de destacar hoje: a ternura para com os idosos.

O abraço afetuoso à “nonna”

Ontem, durante o campeonato italiano de futebol masculino, uma cena em particular chamou a atenção de torcedores e da mídia europeia. E não foram as partidas disputadas e nem os belos gols, mas um abraço.

Durante a partida Roma x Cagliari, o meia atacante do time da capital italiana Alessandro Florenzi, considerado um dos jovens talentos do país, após marcar o seu gol, correu para a arquibancada e abraçou sua avó, causando grande comoção em todo o estádio.

Pela primeira vez no...

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Quando o emocional é desculpa para o fracasso?

Neste final de semana, tivemos a final de mais um importante evento esportivo de dimensão internacional: o Campeonato Mundial de Basquete masculino.

Infelizmente, a seleção brasileira foi motivo de grande decepção. Depois de um início instável, o time brasileiro pareceu ter encontrado seu equilíbrio no torneio, até ser massacrado pela Sérvia, que se sagrou vice-campeã da competição.

Foto: Nathan Wind/Flickr

A derrota humilhante sofrida pelo time brasileiro nas quartas de finais foi dolorosa. Talvez não como o 7x1 para a Alemanha, na Copa do Mundo de Futebol. Contudo, novamente, o que veio à tona, como justificativa à derrota, não foi o despreparo dos atletas brasileiros, mas o aspecto emocional. “Sérvia se aproveita de destempero brasileiro, atropela e está na semifinal”, foi a manchete da matéria publicada na internet por um grande portal brasileiro de notícias esportivas.

Quanto pesa o emocional?

É verdade. Como tudo na vida, o aspecto emocional pode, sim, ser decisivo no sucesso ou o...

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Condenar o erro e não o errante

Motivado pelos desdobramentos do triste episódio da semana passada, em que a torcedora gremista, Patricia Moreira da Silva, 23 anos, insultou o goleiro santista Aranha, em partida válida pela Copa do Brasil, fui procurar na legislação brasileira uma definição para o termo “racismo”.

O portal JusBrasil, fazendo referência ao dicionário Aurélio, define o racismo como “doutrina que sustenta a superioridade de certas raças.” Racismo, portanto, explica o artigo do JusBrasil, é “uma doutrina sustentada pela ideia de que uma raça é superior à outra e que, assim o sendo, resulta na marginalização, segregação e separação de uma raça em detrimento de uma outra, por declarar-se superior”.

O polêmico episódio e a torcedora gremista

Diante da definição acima, procurei refletir se realmente é correto afirmar, categoricamente, que Patricia Moreira é racista. Não sei como será feita a investigação do caso, mas massacrar a jovem gremista pela sua atitude, errônea, certamente, me parece não só...

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A mídia e o futuro do esporte

No último domingo, o Brasil conquistou pela décima vez o Grand Prix de voleibol feminino, competição criada em 1993 que reúne 28 seleções de todos os continentes. A hegemonia brasileira em 21 anos do torneio coloca a nossa seleção, junto à Cuba, Rússia, China e os Estados Unidos, como uma das principais protagonistas do vôlei mundial.

Essa importante conquista do esporte brasileiro, se analisada de maneira ponderada, pode ajudar muito na reflexão sobre o futuro dos nossos atletas, a pouco menos de dois anos da olimpíada no Brasil. A vitória do vôlei feminino, bem menos midiatizada que os sucessos e fracassos da seleção masculina de futebol, mostra que, para a indústria esportiva, alguns esportes são mais relevantes que outros.

A seleção brasileira feminina de vôlei foi campeã do Grand Prix pela décima vez, no dia 24/08/14, vencendo o Japão por 3 sets a 0. As atuais campeãs olímpicas disputaram 14 partidas e perderam apenas uma para alcançarem o inédito décimo triunfo. Foto: FIVB...

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A vez dos esportistas naturalizados

Ontem, enquanto o Brasil inteiro acompanhava, sensibilizado, o funeral do político pernambucano, Eduardo Campos, aqui na Europa, as atenções estavam voltadas para o segundo grande evento esportivo do ano: o campeonato europeu de atletismo.

Realizado em Zurique, capital econômica da Suíça, o evento chamou a atenção por ressaltar, além da força das nações europeias, um fenômeno que já se via claramente na Copa do Mundo de futebol no Brasil: a explosão do número de imigrantes (ou filhos de imigrantes) naturalizados no cenário esportivo.

Mujinga Kambundji (filha de pai congolês e mãe suíça) foi grande estrela da Suíça no Campeonato Europeu de Atletismo. Foto: Jürg Vollmer/Flickr

Esporte como instrumento de inclusão

O dicionário Houaiss define o termo mestiço como “pessoa que provém do cruzamento de pais de raças diferentes”. Contudo, não são somente os filhos de pais de raças diferentes que são incorporados às equipes esportivas europeias. Nas últimas décadas, graças aos constantes fluxos...

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Como diminuir a violência entre torcidas organizadas?

Já há algum tempo tento entender quão importante são as torcidas organizadas para os clubes que elas representam. Jamais encontrei uma resposta convincente. Como amante do esporte, posso presumir a necessidade de organização entre os diferentes grupos de torcedores de uma agremiação esportiva, mas até que ponto ela é realmente benéfica para os clubes, quando está constantemente envolvida em episódios de violência?

Torcidas organizadas. Foto: João Budney/Flickr

Ontem, antes da partida de futebol entre Santos e Corinthians, no litoral paulista, mais uma vez as câmeras flagraram o confronto brutal entre membros de torcidas organizadas rivais. Quando um torcedor viaja quilômetros de distância, deixando família, amigos, trabalho, para, em vez de torcer, digladiar-se com paus, pedras, rojões, ele é mesmo um torcedor ou um criminoso? Dá para classificar da mesma forma esses torcedores e a grande maioria, que vai ao estádio com o intuito de presenciar, pacificamente, um evento esportivo?

As...

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Sobre

Fazer do esporte um instrumento de promoção da fraternidade é aceitar o desafio de descobrir, acima de tudo, a prática de atividades físicas como possibilidade de encontro, de relação. Em uma competição esportiva, o adversário não é um inimigo, nem o jogo uma batalha. Por isso, respeitar as regras predefinidas e preservar um espírito de lealdade e honestidade tornam-se elementos essenciais para que o esporte realize a sua missão socioeducativa. Neste blog, queremos identificar, discutir e descobrir os grandes promotores do esporte no Brasil e no mundo e, com eles, refletir sobre valores que ajudam a edificar a nossa sociedade.

Autores

Valter Hugo Muniz

Jornalista com experiências internacionais na Ásia (Indonésia) e na África (Costa do Marfim). Atualmente mora em Genebra, na Suíça. É formado em jornalismo pela PUC-SP. Trabalhou em agências de comunicação, empresas multinacionais, editoras e na televisão. Concluiu recentemente uma pós-graduação no Instituto Universitário Sophia, em Florença, Itália.