No último final de semana, o automobilismo brasileiro pôde festejar um de seus pilotos mais memoráveis. 23 anos após seu último título, na Fórmula 3 inglesa, Rubens Barrichello, o Rubinho, tornou-se campeão da Stock Car Brasil 2014.
Após 23 anos de jejum, Rubens Barrichello voltou a ser campeão. Neste domingo (30), o ex-piloto da Fórmula 1 conquistou o título da Stock Car, ao ficar na terceira colocação na etapa final da categoria, em Curitiba (PR). A vitória foi de Daniel Serra, com Átila Abreu em segundo lugar. Foto: Bruno Terena/Red Bull Content Pool
Com 43 anos, o ex-piloto de Fórmula 1 ficou em terceiro lugar na prova de Curitiba, precisando estar entre os quatro primeiros. Diferentemente do que aconteceu na principal categoria do automobilismo mundial, neste ano Barrichello teve um desempenho consistente, garantindo um excelente desfecho para o piloto e sua equipe.
Uma carreira de sacrifícios
No seu site oficial, Rubinho conta um pouco da sua jornada no automobilismo, destacando os anos que antecederam a sua entrada na Fórmula 1:
Rubens Barrichello em 2010. Foto: Ph-Stop/Flickr
“Em 1990, vivi um ano muito difícil de minha vida, tendo que deixar para trás minha família, meus amigos e tudo que havia conquistado aqui no Brasil em busca do meu maior sonho: ser um piloto de Fórmula 1. Fui sozinho, e sozinho mesmo, pois não tinha recursos para levar ninguém para a Europa. Fui participar do Campeonato Europeu de Fórmula Opel na Equipe Draco. Tinha 17 anos e amadureci muito, pois foi muito difícil enfrentar tantas barreiras. Vejo hoje os grandes craques (do futebol) serem vendidos e, quando chegam ao exterior, existe uma enorme estrutura para ajudá-los. Já no caso da maioria dos pilotos, íamos com a cara e a coragem.”
Foi essa coragem que levou Barrichello ao seu primeiro titulo internacional, já no ano seguinte a sua chegada à Europa. Em 1994, no grande prêmio da África do Sul, ele realizaria o grande sonho de correr, pela primeira vez, por uma equipe de Fórmula 1.
De lá para cá, anos como coadjuvante, mas um recorde de respeito: com 323 corridas disputadas, Rubinho é o piloto que mais esteve presente em provas da mais importante categoria do automobilismo mundial.
Rubinho e o legado de Senna
Rubens Barrichello em 2011, ainda na Fórmula 1. Foto: Patrick Down
Difícil saber se um dia Rubens Barrichello será lembrado como um dos grandes nomes do automobilismo. Nos seus quase 20 anos de Fórmula 1, o piloto brasileiro conquistou somente 11 vitórias, sendo por duas vezes vice campeão da temporada.
Considerado pelo jornal italiano “Gazzetta dello sport” como o melhor segundo piloto de uma equipe, Rubinho esteve na sombra de outros dois grandes campeões: Michael Schumacher e James Button.
Sempre disposto a se sacrificar pelo “time”, Rubens Barrichello teve a árdua tarefa de dar continuidade ao legado vitorioso de Ayrton Senna, uma das grandes lendas da Fórmula 1. Mesmo com diferenças visíveis de talento entre os dois pilotos brasileiros, a simpatia de Rubinho sempre chamou a atenção. Com simplicidade e até consciência de seus limites como esportista, Barrichello comemorou cada uma das suas vitorias, festejou com alegria seus pódios e, mesmo não sendo um grande campeão como Senna, conseguiu a admiração dos amantes de automobilismo do mundo inteiro.
Agora o piloto tem um novo palco: a Stock Car Brasil, onde deixou de ser coadjuvante para assumir o lugar de protagonista. Venceu, mas sem deixar de lado a alegria, a humildade, o respeito pelos adversários e o reconhecimento à equipe e aos seus familiares. Marcas registradas do, agora, campeão.
Parabéns Rubinho!