Foto: Ben Tavener/Flickr
A “Copa das Copas” entra na sua última semana. Nos últimos dias, conhecemos as quatro melhores seleções – Brasil, Alemanha, Argentina e Holanda - que irão lutar pelo troféu mais desejado do futebol mundial.
A seleção brasileira terá que se desdobrar contra a Alemanha, para superar a ausência de Neymar, contundido nas quartas de finais. Além de ser um episódio triste para nós, brasileiros, mas também para os admiradores do bom futebol em todo o mundo, a saída do craque tupiniquim da Copa, evidenciou também a incapacidade de muitos torcedores colherem o sentido último do esporte.
Juan Zúñiga, defensor colombiano que fez com que Neymar fraturasse a terceira vértebra da coluna, tem sido perseguido pela imprensa e por alguns torcedores. Até mesmo sua família tem recebido ofensas, muitas delas racistas, pelo ocorrido.
Como aconteceu com o uruguaio Suarez, guardadas, porém, as devidas proporções, Zúñiga poderia até merecer uma punição um pouco mais rigorosa pelo que fez em campo, porém é fundamental salvaguardar o ser humano. Contusões por conta do uso displicente da força é algo comum no futebol, por isso não cabem reações exageradas. Como disse o próprio Neymar, lhe tiraram o sonho de, talvez, jogar uma final de Copa do Mundo, mas não acabaram com o seu sonho de ser campeão.
A ênfase dada à contusão do craque brasileiro acabou ocultando um dos momentos mais bonitos de fair-play dessa Copa, protagonizados pelos dois melhores jogadores da partida entre Brasil e Colômbia: o jovem e talentoso meia atacante colombiano James Rodríguez e o carismático zagueiro brasileiro David Luiz.
O exemplo fraterno de Davi Luiz
David Luiz é, além de um dos grandes destaques da Copa, um dos jogadores mais admirados da nossa seleção. Sua alegria e simplicidade, além da garra e vontade de vencer, o fazem um jogador especial, como é possível ver na interessante matéria que um canal de televisão fez com o defensor brasileiro:
Outro momento marcante envolvendo David Luiz aconteceu durante um dos treinos da seleção na Granja Comary. Daniel Eduardo Júnior, de 12 anos, driblou os seguranças e correu para ganhar um abraço do zagueiro brasileiro. Além de fotos e autógrafos, Daniel foi lembrado por David Luiz nas redes sociais: "Há coisas na vida que não tem explicação, e ontem foi uma delas! Daniel Jr eu tenho o maior prazer de te agradecer pelo exemplo de carinho, amor, dedicação audácia, coragem e muitas outras coisas que demonstraste ontem! Foi um dia muito especial pra mim sem dúvida nenhuma, que me fez novamente olhar pro céu e agradecer a Deus por ter o privilégio de levar essa alegria pra muita gente! Seu abraço jamais vou esquecer... Tamu junto"
Porém, o comportamento de David que mais chamou a atenção da imprensa mundial, aconteceu logo após o fim da partida contra a Colômbia. Enquanto os jogadores do Brasil festejavam a classificação da Seleção, as câmeras mostraram o defensor brasileiro, no centro do gramado, consolando James Rodríguez e pedindo para que o Castelão todo aplaudisse o craque da Colômbia, depois do Mundial fabuloso e da boa partida que o camisa 10 fez.
Infelizmente, alguns esportistas e torcedores insistem em conceber o esporte como uma atividade em que vale somente vencer. A cena de David Luiz é um importante testemunho ao mundo, pois mostra que esporte pode transcender as simples vitórias ou derrotas.
O que, contudo, pouca gente viu, quando os jogadores deixaram o campo, foi a entrevista (acima) que James Rodriguez e David Luiz deram para o canal colombiano RCN: “Só disse a ele (James) que muitas vezes nós não somos os que têm os troféus, mas que ele poderia voltar para casa porque é um grande campeão e só trouxe grandes coisas ao futebol. Só trouxe uma magia incríveis, grandes gols, grandes partidas. Que poderia voltar para casa com a cabeça erguida porque já tinha sido campeão do mundo por tudo o que havia feito nesta Copa”, afirmou David Luiz,.
Ainda emocionado, James não só agradeceu David, como ressaltou o exemplo que o jogador brasileiro é para o futebol mundial. Em seguida, o zagueiro brasileiro deu uma lição do que significa moralmente, para ele, ser um astro do futebol mundial: “Temos que pensar sempre que (essa atitude) não é só exemplo para o futebol, é para a vida. Porque as crianças querem ter o cabelo como os nossos, as mesmas coisas. Temos que lembrar também que precisamos ser pessoas grandes, ser humanos grandes na vida”.
Para mim este é, talvez, um dos legados mais significativos da Copa das Copas.