Copa do Mundo: festa da generosidade

A primeira fase da Copa do Mundo no Brasil está acabando. Inúmeras surpresas dentro e fora do campo fizeram a comunidade internacional repensar os seus julgamentos. Os mesmos jornais que, há quinze dias, criticavam severamente a organização do torneio no nosso país, agora já consideram essa a “Copa das Copas”.

Diante dos problemas relacionados, sobretudo,  à infraestrutura, a acolhida e, principalmente, a generosidade do povo brasileiro têm contribuído para fazer da estadia dos estrangeiros uma bonita experiência. Claro que isso não deve esconder as nossas falhas, mas essa solução caseira mostra que, mesmo sem um contexto perfeito somos capazes de promover um grande evento esportivo.

Generosidade no campo

Dentro das quatro linhas, a Copa tem mostrado que nem sempre o melhor, em número de estrelas e tradição futebolística, vence.

Em qualquer competição esportiva é fundamental uma boa preparação técnica e tática. Mas só isso basta? Como jogador amador, ainda menino, ouvi do meu técnico um clichê futebolístico importante: “é preciso colocar o coração na chuteira”.

Nesta Copa, as grandes seleções do mundo como o Brasil, a Espanha, a Inglaterra e a Itália carregam juntas os melhores jogadores de futebol da atualidade, mas, surpreendentemente, nenhuma delas têm correspondido – individual ou coletivamente - às expectativas. Por outro lado, Colômbia, Costa Rica e Chile são exemplos latino-americanos de união e generosidade recíproca que estão superando as suas limitações.

Generosidade: valor universal

Futebol, dentro ou fora de campo, pode ensinar muito. Contudo, é importante estar aberto para aprender com ele.

Por ocasião da Copa do Mundo 2014, o Papa Francisco enviou uma vídeo-mensagem na qual expressou seu desejo para este campeonato: "Esta Copa do Mundo poderia se transformar na festa da solidariedade entre os povos". No vídeo, Francisco afirmou que além de ser um jogo, o futebol "é ao mesmo tempo uma oportunidade para o diálogo, a compreensão e o enriquecimento humano recíproco".

 

Generosidade não é um valor exclusivamente esportivo, nem mesmo religioso, mas é uma força humana que transforma. Um provérbio chinês diz que “um pouco de perfume sempre fica nas mãos de quem oferece flores”.

Que continuemos generosos

A Copa vai passar, claro. E com elas muitas lembranças para aqueles que puderam viver plenamente esse espetáculo esportivo mundial. Contudo, logo em seguida, teremos um evento nacional bem mais importante: as eleições presidenciais.

Uma excelente oportunidade de colocar em prática a mesma generosidade que exercemos como anfitriões durante o evento esportivo, com os “adversários” políticos, com ideias diferentes das nossas, mas que precisam ser ouvidas e respeitadas, para um futuro campeão. 

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Sobre

Fazer do esporte um instrumento de promoção da fraternidade é aceitar o desafio de descobrir, acima de tudo, a prática de atividades físicas como possibilidade de encontro, de relação. Em uma competição esportiva, o adversário não é um inimigo, nem o jogo uma batalha. Por isso, respeitar as regras predefinidas e preservar um espírito de lealdade e honestidade tornam-se elementos essenciais para que o esporte realize a sua missão socioeducativa. Neste blog, queremos identificar, discutir e descobrir os grandes promotores do esporte no Brasil e no mundo e, com eles, refletir sobre valores que ajudam a edificar a nossa sociedade.

Autores

Valter Hugo Muniz

Jornalista com experiências internacionais na Ásia (Indonésia) e na África (Costa do Marfim). Atualmente mora em Genebra, na Suíça. É formado em jornalismo pela PUC-SP. Trabalhou em agências de comunicação, empresas multinacionais, editoras e na televisão. Concluiu recentemente uma pós-graduação no Instituto Universitário Sophia, em Florença, Itália.