Rio Doce antes da avalanche de lama. Foto: Wikipedia
É impossível não admirar Carlos Drummond de Andrade! Como um mestre, ele "previu" o que muitos até hoje insistem em não querer ver e, como poucos, transformou tristeza em arte. Emblemático, o poema Lira Itabirana, de 1984, não poderia ser mais atual.
Lira Itabirana
I
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?