Cúpula do Clima termina com compromissos, mas Brasil não assina carta. Foto: Palazzochigi
A 12ª Conferência da Convenção das Partes sobre Diversidade Biológica, conhecida também como COP12 ou COP da Biodiversidade, já está acontecendo a uma semana na Coreia do Sul, mas quase não se ouve falar dela por aqui. Em meio às disputas do segundo turno das eleições, todo o resto virou pano de fundo. E é este o papel que o país com a maior biodiversidade do mundo está exercendo no mais importante evento sobre o tema: o de coadjuvante. Ao não ratificar o Protocolo de Nagoya, do qual já falamos por aqui, o país se tornou apenas ouvinte, sem poder de voto e de propor medidas que ajudem a preservar um dos nossos grandes patrimônios.
Vale lembrar que o Brasil também não assinou a Carta de Nova Iorque, após as discussões da Cúpula do Clima, no final do mês passado e deu acenos de que não fará mais do que já vem sendo feito. Talvez este seja um lembrete de que o assunto não é, nem de longe, prioritário para os governantes – atuais ou futuros. E nem deverá entrar na pauta.
Segundo a Frente Parlamentar da Agropecuária, a bancada ruralista, que levanta bandeiras contra a demarcação das terras indígenas e a favor do novo Código Florestal, passará a contar com 16 senadores e 257 deputados, frente aos atuais 14 senadores e 191 deputados. Destaque para o deputado federal com mais votos no Rio Grande do Sul e coordenador da Frente, Luiz Carlos Heinze. No ano passado, a organização Survival International, que luta pelos direitos dos povos indígenas, o elegeu “racista do ano” após declarações ofensivas contra os índios e os povos tradicionais.
Apesar disso tudo, há uma comitiva brasileira na Coreia do Sul, composta por lideranças empresarias e sociedade civil, em meio aos representantes de mais de 160 países. A principal bandeira do encontro é a adoção de medidas capazes de acelerar a implantação do Plano Estratégico para a Biodiversidade 2011-2020 e as Metas de Aichi para Biodiversidade, que deveriam ser alcançadas até 2020. Porém, o relatório Global Biodiversity Outlook (GBO4), divulgado na abertura da COP12, dá indícios de que essas metas não serão alcançadas. Entre elas estão a redução da perda de habitats, diminuição da poluição e da sobrepesca, e desaceleração da extinção de animais.
O GBO 4 é, na verdade, um diagnóstico de onde estamos e o que devemos fazer para não acabarmos sem água, sem luz, sem tecnologias capazes de combater pragas e doenças e por aí afora. Pois é, a biodiversidade está diretamente relacionada à sobrevivência do planeta. Na verdade, o próprio nome já indica que ela representa todas as formas de vida do planeta. Por isso, ela é importante para manter o equilíbrio das relações entre os seres vivos, pois se um nicho se desfaz, as vezes toda uma cadeia pode se quebrar ou se desequilibrar.