Ryan Hreljac tinha apenas seis anos quando percebeu que o mundo não era igualitário. “Minha professora nos disse que crianças precisavam andar cinco quilômetros para buscar água e eu precisava andar apenas dez passos para chegar até o bebedouro mais próximo. Isso não me pareceu justo. Tinha que fazer alguma coisa”, conta o canadense de 25 anos, que veio ao Brasil recentemente a convite da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Ryan começou a se mobilizar, unindo também sua comunidade, para angariar fundos para construir poços de água na África. Foto: Reprodução/Youtube
Ryan participa do VIII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (VIII CBUC), evento que marca os 25 anos da instituição e que é realizado em Curitiba, capital do Paraná, até sexta-feira (25).
Ao invés de se conformar com a realidade que priva milhares de pessoas do acesso aos recursos hídricos, Ryan começou a se mobilizar, unindo também sua comunidade, para angariar fundos para construir poços de água na África. Em 1999, aos oito anos, finalmente conseguiu realizar seu sonho inicial: foi perfurado o primeiro poço ao lado de uma escola, no norte da Uganda.
Essa passou a ser a paixão de Ryan e, aos dez anos, ele criou a Ryan’s Well Foundation, instituição na qual trabalha até hoje, aos 25 anos, e que já realizou 922 projetos em 16 países, levando água limpa para mais de 800 mil pessoas.
Da África ao Brasil
Ryan Hreljac conta que ficou preocupado ao verificar a extensão da crise hídrica brasileira. Segundo ele, é preciso perceber que a dificuldade de acesso à água tem se tornado cada vez mais um problema mundial. “Eu acho que essa é uma daquelas situações em que, durante um longo período, não se valorizou a água, nem a importância de preservá-la e isso acabou sendo deixado de lado, não se falou a respeito. Mas agora o Brasil não pode ignorar mais essa situação, o problema veio à tona e é preciso lidar com ele agora”, enfatiza.
Porém, Ryan destaca que não se pode colocar toda a responsabilidade de resolver a crise hídrica em apenas um setor da sociedade, pois todos têm um papel a desempenhar, colaborando para resolver esse problema global. “Pela minha experiência tenho certeza de que precisamos trabalhar juntos, tomando decisões importantes sobre nossos mananciais e mudando a forma como temos tratado o meio ambiente até agora, envolvendo e mobilizando todos no processo”, conclui. Ele completa ainda dizendo que uma pessoa pode sim fazer a diferença, não importa o quão jovem ou idosa ela seja: “todos podem contribuir”.