Uma marca de sapatos que dispensa qualquer utilização de origem animal em seus produtos. Assim é a Insecta Shoes, criada em 2013, em Porto Alegre, pelas jovens empreendedoras Pamella Magpali e Babi Mattivy. Juntas, elas decidiram usar tecidos de brechó para criar calçados artesanais que seriam vendidos pela internet. Em algumas semanas, fizeram 20 pares. Começava ali um negócio de sucesso.
Foto: Insecta Shoes
A dupla percebeu então que aquela ideia tinha público e fez um investimento inicial de R$ 20 mil. “Nesse momento, nós decidimos produzir mais uma leva e foi preciso tirar dinheiro do próprio bolso para pagar 100 pares. Foi o nosso investimento inicial. Em três meses, todos os pares já tinham sido vendidos. Nós poderíamos até ter produzido mais sapatos, mas preferimos sentir a reação do público antes”, contou Babi à revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios.
O retorno dos clientes foi tão positivo que a dupla nem sequer teve que recorrer a empréstimo para expandir o negócio. Em apenas um ano da Insecta, elas conseguiram reaproveitar 500 peças de roupas — o equivale a 150 quilos de tecido.
Como o negócio estava ficando cada vez maior, a dupla procurou novos sócios e encontrou Laura Madalosso, 29 anos, publicitária que já tinha atuado como gerente de Pesquisa de Moda e Tendências na Renner. No fim de 2014, Laura entrou para a equipe da Insecta e trouxe a experiência de trabalhar em uma grande empresa.
Hoje, a empresa conta com nove funcionários e vende em média 300 pares por mês, com pedidos do mundo todo. A confecção dos produtos é terceirizada. Para conseguir escalar, foram adicionados modelos que utilizam tecido ecológico, feito a partir de garrafas pet e algodão reciclável. “Oitenta por cento do que produzimos ainda depende do garimpo que fazemos em brechós. Por isso, temos quatro pessoas que viajam por várias cidades do Rio Grande do Sul em busca de roupas bonitas e que foram descartadas”, conta Babi.
Ecológico e exclusivo
Uma peça de roupa pode render até sete pares de sapato, segundo Babi, o que faz com que os modelos sejam sempre limitados. Assim, a coleção oferecida na loja virtual é alterada mensalmente, de acordo com as os tecidos encontrados.
Sobre os modelos serem mais caros que os comuns, com preço médio de R$ 269, Babi diz que “isso acontece por conta do processo artesanal e do preço da matéria-prima ecológica, que é mais elevado”. Além do tecido das roupas de brechó, os sapatos são feitos com sola de borracha triturada reciclada e tinta à base de água.
"Nossa palavra-chave é reaproveitamento: aumentar a vida útil do que já existe pelo mundo, sempre de modo criativo e descontraído. Garimpamos peças de roupa usadas e, através de um processo artesanal, as transformamos em sapatos 100% exclusivos. Os mais diversos tecidos e estampas daqueles modelitos abandonados viram botas e oxfords veganos, sem nenhum uso de matéria-prima de origem animal", explicam as empreendedoras.
Política verde
A atitude sustentável do negócio é tão intensa que até mesmo a loja virtual da Insecta segue uma política verde. Segundo a descrição da página, um terço da poluição da atmosfera do mundo é resultado do consumo de energia elétrica. Por isso, elas calculam o número de acessos que recebem anualmente e plantam a quantidade de árvores necessária para neutralizar o gás carbônico emitido pelos servidores do site.
A Insecta trabalha com numerações que vão do 33 ao 45 para adultos e do 20 ao 32 na linha infantil. Todos os modelos da coleção atual podem ser conferidos no site da loja, que faz entregas para o mundo todo. Em fevereiro, será aberta uma loja física, na rua Arthur de Azevedo, no bairro de Pinheiros, em São Paulo.
Para a abertura dessa loja, foi necessário um investimento de R$ 10 mil. A capital paulista foi escolhida porque, segundo Babi, o estado de São Paulo é, de longe, o que mais compra os sapatos da marca.