Entre janeiro de 2012 e junho de 2014 as empresas associadas ao Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) instalaram 836 Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), conhecidos como ecopontos, em 96 municípios brasileiros, para o depósito de material reciclável e o incentivo da logística reversa de embalagens pelas empresas. O número está 29% acima da meta estabelecida para o final de 2015, de acordo com dados do relatório preliminar apresentado ontem (11), pela entidade durante o 10º Recicle Cempre, na capital paulista.
Empresas e associações investem no reaproveitamento de material reciclável. Em dois anos, empresas associadas ao Cempre instalaram 836 ecopontos em diversos municípios do país. Foto: Arquivo/Agência Brasil
O trabalho é resultado de um plano de ação assinado por 22 associações e 500 empresas para ampliar a capacidade do país na destinação adequada das embalagens recicláveis. O destaque é a região metropolitana de São Paulo, onde estão instalados 670 PEVs. Em Belo Horizonte e Manaus, esse número passou de cinco para 14.
O estudo também mostra que 111 cidades foram contempladas com a capacitação, estruturação e adequação de cooperativas, o que representa 47% da meta estipulada para 2015. Segundo os dados, na região metropolitana de Curitiba foram feitas 23 ações pelas empresas associadas em dez entidades. Na região metropolitana do Rio Cuiabá foram seis entidades, chegando a 100% da meta.
O diretor executivo do Cempre, André Vilhena, destacou que o maior desafio do setor é ampliar a coleta seletiva, o que ajudará a formalizar a cadeia para que o setor tenha condições de ter participação mais efetiva das cooperativas. “Assim as cooperativas prestarão um serviço de coleta seletiva e, indiretamente, para as empresas tanto na questão dos prédios quanto em outras situações. O avanço da coleta seletiva é muito importante e temos também que resolver a questão tributária desonerando a cadeia de reciclagem”.
De acordo com ele, as principais ações previstas para elevar esses números são a triplicação do número ou da capacidade das cooperativas de catadores de material reciclável nas cidades contempladas com aparelhamento e capacitação dos profissionais e a triplicação do número de ecopontos. Também estão previstas a compra direta ou indireta a preço de mercado das embalagens triadas pelas cooperativas além de investimentos em campanhas de conscientização para sensibilizar os consumidores sobre a separação correta do material.
De acordo com o Cempre, o documento do acordo setorial foi aprovado pelo Comitê Orientador para a Implementação da Logística Reversa (Cori) e está em processo de consulta pública que acaba em 20 de novembro. Algumas das ações propostas feitas pelo grupo já começaram a ser praticadas pelas empresas.
Segundo o integrante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), Roberto Laureano, o acordo setorial não inclui todas as empresas do Brasil mas, sim, um grupo e é preciso entender como as empresas que não fazem parte desse grupo irão se envolver nesse processo de responsabilização com esse acordo.
“Esse acordo será um avanço para os catadores. Ainda é um acordo tímido, mas defendemos um futuro no qual as empresas paguem pelo trabalho de coleta no pós-consumo. Entendemos também que precisamos de organização, formação, treinamento, equipamento. Sabemos que isso é a longo prazo, mas queremos isso. As cooperativas que já estão nessas condições já podem prestar um serviço de logística reversa para as empresas”, observou.