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USP concede certificado de sustentabilidade para empresa calçadista brasileira

Entre as ações que culminaram com a concessão do "Selo Prata", estão o uso racional de água e energia e a produção de calçados infantis livres de substâncias tóxicas

por Agência USP   publicado às 09:58 de 14/04/2015, modificado às 09:59 de 14/04/2015
O Laboratório de Sustentabilidade (Lassu) da Escola Politécnica (Poli) da USP em parceria com Instituto By Brasil concedeu o certificado Selo Prata do Programa Origem Sustentável à empresa gaúcha Calçados Bibi. Trata-se de uma certificação voltada para o mercado calçadista brasileiro que segue a escala Branco, Bronze, Prata, Ouro e Diamante e que certifique as empresas que já incorporaram a sustentabilidade em seus processos. Entre as ações que culminaram com a certificação Selo Prata, está a produção de calçados infantis livres de substâncias tóxicas, como por exemplo o cromo (usado para amaciar o couro).

Entre as ações que culminaram com a concessão do "Selo Prata", estão o uso racional de água e energia e a produção de calçados infantis livres de substâncias tóxicas. Foto: Divulgação

O Programa Origem Sustentável foi criado pelo Lassu, em parceria com a Associação das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couros, Calçados e Artefatos (Assintecal). A Bibi Calçados é a primeira indústria do setor no Brasil a conseguir essa certificação. “Com a obtenção do Selo Prata, a Bibi terá mais possibilidade de exportar para um mercado bastante exigente, como o europeu e o americano”, destaca a professora Tereza Cristina Carvalho, diretora do Lassu e coordenadora do Programa Origem Sustentável.

A entrega do Selo ocorreu em março, durante a Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes (FIMEC), realizada em Novo Hamburgo (RS).

Cadeia produtiva sustentável
A professora conta que o dono da empresa, Marlin Kohlrausch, reuniu os seus fornecedores e propôs a restrição do uso de metais pesados, como cromo e chumbo, na produção de componentes para sapatos infantis. Além disso, a Bibi tem adotado práticas sustentáveis para toda a cadeia produtiva, como uso racional de água e energia elétrica. “Após conversar com os fornecedores, ele conseguiu a adesão de 80% deles”, conta. Desta forma, o calçado infantil produzido hoje pela Bibi é o primeiro do Brasil a ser totalmente livre de substâncias tóxicas. “Não há pesquisas sobre as consequências, a longo prazo, que a exposição ao chumbo presente em sapatos e roupas podem nos trazer”, alerta a professora.

Outra estratégia de utilizar a sustentabilidade como diferencial competitivo está no fato de a empresa trabalhar com o conceito de simbiose industrial — utilizar resíduos como matéria-prima. Tereza explica que a Bibi produz calçados para crianças e adolescentes. “Para adultos, a empresa trabalha com a fabricação de sapatos idênticos na versão mãe e filha. As rebarbas da produção dos calçados para adolescentes e mães são utilizados como matéria-prima e totalmente aproveitados para produzir os sapatos das crianças”, conta. “Trata-se de um tendência de mercado: olhar para os resíduos industriais não como lixo, mas com um produto de valor.”

Além disso, a Bibi mantém o programa Fábrica de Talentos, onde jovens entre 16 e 18 anos têm a oportunidade de trabalhar na empresa e aprender um ofício. “Os melhores alunos costumam ser contratados”, comenta. Tereza Carvalho aponta que a sustentabilidade deve ser encarada como um diferencial competitivo. “O Programa Origem Sustentável e a certificação Selo Prata para a Bibi Calçados fortalece a indústria brasileira porque aumenta a competitividade frente ao mercado chinês”, diz. Segundo ela, o sapato sustentável é cerca de 10% mais caro diante do convencional. “O mercado brasileiro vê isso como obstáculo; entretanto, a sustentabilidade é um diferencial competitivo, pois abre as portas para mercados mais exigentes”, finaliza.

Para receber o Selo Branco, a empresa precisa assinar um termo de adesão ao programa. No Bronze, ela deve responder a um questionário desenvolvido pelo Lassu com 52 indicadores e fazer um auto-diagnóstico por software. No Prata, Ouro e Diamante, tudo o que foi apontado nos indicadores deverá ser comprovado. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e a SGS – System & Service Certification são as responsáveis pela auditoria nas empresas que desejam receber o Selo. O Programa Origem Sustentável é patrocinado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e tem como parceiros o Instituto By Brasil, o Lassu e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.

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