O futuro do livro

A 23ª Bienal do Livro, encerrada no último domingo em São Paulo, contou com a presença de 720 mil visitantes. E registrou aumento geral de 97% no faturamento em comparação com a última edição, em 2012. A melhor notícia é que grande parte do público eram jovens e adolescentes. O que me fez lembrar de uma célebre frase de George Orwel (autor de A revolução dos bichos e de 1984 entre outros títulos, todos de altíssimo nível): “Quando se diz que um escritor está na moda, isso quer dizer que ele é admirado por menores de trinta anos”.

Livros. Foto: Divulgação

Foi o que provou o frisson causado pela presença de autores como Cassandra Clare (autora da série Os Instrumentos Mortais) e Kiera Cass (série A Seleção, além de A EliteA Escolha).

Essa participação em massa é um ótimo sinal para um país pouco afeito à leitura, um forte indício de que o livro não morreu nem entrou processo de extinção, como muitos previram, principalmente depois da proliferação dos livros digitais. Falo do livro agora dito “físico”: aquele feito de papel, com o qual crescemos e nos deleitamos por séculos! Tem coisa melhor do que comprar um bom livro e sentir a textura do papel, o cheirinho de tinta? E depois colocá-lo na estante e curtir o panorama de prateleiras cheias, prenhes de conhecimento?

Para o grande escritor argentino José Luis Borges, isso também era o máximo. “Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria”, disse ele.

Nada contra os livros digitais. O importante é ler, mergulhar no conhecimento que o livro oferece de forma tão democrática – além do enorme prazer. Apenas sou da opinião de que, assim como o rádio não foi suplantado pelo surgimento da TV, nem os cinemas desapareceram quando surgiram as videolocadoras ou as smart TVs, há espaço para todos. Pode mudar a forma de acesso majoritário, mas desaparecer? Não creio. E espero realmente que não!

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo

— 720 mil é o número estimado de visitantes

— 100 mil visitantes foi o maior público da Bienal num só dia (sábado, 30)

— 400 mil pessoas participaram da programação cultural (debates, shows, peças)

— 120 mil alunos visitaram com a escola

—R$ 34 milhões é o orçamento total do evento este ano – R$ 10 milhões dos quais passíveis de captação por leis de incentivo

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Sobre

No início da Era Cristã, toda a informação que uma pessoa conseguia assimilar durante a vida era inferior ao que está à disposição dos leitores numa edição de domingo de um jornal como O Estado de S.Paulo. É patente a evolução exorbitante do acesso à informação e da multiplicação do conhecimento. A literatura, antes restrita a uma exígua elite de pessoas letradas, continua sendo o canal por excelência para o conhecimento e passou por uma enorme democratização: hoje está ao alcance de todos. Vamos explorar juntos esse admirável mundo feito de “tinta sobre papel” ou de “pixels sobre tela”.

Autores

Fernanda Pompermayer

Formada em jornalismo pela Famecos (PUC-RS) em 1985, há seis anos trabalha na revista Cidade Nova. Foi repórter, editora e atualmente é editora-chefe da revista. Cursou ciências humanas, socais e teológicas no Instituto Internacional Misticy Corporis em Florença (Itália) e no cantão de Friburgo (Suíça).