Foto: Marcelo Camargo?ABr
Nos próximos 16 anos o que vai matar seis vezes mais paulistas do que a AIDS? Parece improvável, mas a resposta correta é a poluição do ar. Uma projeção inédita do Instituto Saúde e Sustentabilidade, realizada por pesquisadores da USP, e divulgada esta semana mostrou que até 256 mil pessoas irão morrer no estado de São Paulo por conta do problema. Ele ainda irá provocar a internação de 1 milhão de pessoas e gastos públicos aproximados de R$ 1,5 bilhão. E o cenário que os pesquisadores tomaram como base não é dos piores, ou seja, as projeções foram feitas em cima de uma probabilidade de redução da poluição atmosférica.
Em 2012, um estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) já alertava para o fato de a poluição do ar se tornar a principal causa ambiental de mortalidade no mundo em 2050. A própria organização apresentou algumas medidas, ainda engatinhando no Brasil, como a regulação das emissões por veículos automotores e os incentivos a energias limpas.
Apesar de possuir um Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar desde 1989, o Brasil ainda não tomou medidas efetivas e somente 1,7% dos municípios são cobertos pelo monitoramento do ar, com pouco mais de 200 estações implantadas no país. Neste quesito, o Sudeste também sai na frente: são 78% dos municípios acompanhados. Qualquer leitor mais atento irá se perguntar: de que adianta monitorar se não são tomadas atitudes para melhorar o problema?
O carro, como todos sabem, é um dos maiores vilões, mas as indústrias e as queimadas – de cana, lixo, pasto etc – também fazem parte dos grandes poluidores. E para todos eles, há “remédios” bem eficazes. A começar por não tentar driblar a fiscalização e trocar periodicamente o filtro do carro. Outra solução é a cobertura vegetal. Que tal, então, não cortar aquela árvore na frente da sua casa ou, melhor ainda, cultivar um local verde, com plantas e grama?
Não usar as queimadas em nenhum caso, nem mesmo agrícola, também ajudaria, além de denunciar indústrias que praticam irregularidades. E, principalmente, cobrar do poder público atitudes ambientais mais efetivas. Uma escolha dos candidatos às próximas eleições baseada em um olhar um pouco mais ambiental seria um primeiro passo para isso.
Podem parecer atitudes isoladas e que não mudam em nada o cenário agravante que está se instalando, mas se os 200 milhões de brasileiros adotassem atitudes como estas, o ar por aqui já se tornaria mais “respirável”.