Em tempos de acirramento de discussões políticas, entender como funcionam as instituições é cada vez mais importante. E, não raro, tomar posição diante do disse-me-disse na mídia e de posts cada vez mais raivosos nas redes sociais demanda sangue frio e muita energia. É nesse cenário que o site Politize surgiu com o objetivo de promover educação política ao apresentar um bê-á-bá dos temas que aparecem no jornal que todo mundo já teve curiosidade de saber, mas não encontrava uma explicação fácil.
Criado em Santa Catarina, Politize explica o que fazem as instituições e os principais acontecimentos de Brasília. Foto: Freepik
Criado em Florianópolis na metade de 2015 por Diego Callegari, diretor de tecnologia e inovação da Secretaria Estadual de Educação de Santa Catarina, e Gabriel Marmentini, especialista em gestão pública e atual responsável pela estratégia da plataforma, o Politize nasceu após uma bem-sucedida campanha de financiamento coletivo no site Catarse no final de 2014, quando arrecadou R$ 67 mil. A esse dinheiro se somaram outros US$ 10 mil recebidos de uma premiação no Fórum Econômico Mundial, evento que reúne líderes da economia mundial na Suíça.
Uma vez tomado o fôlego inicial, o site contou com sugestões dos 552 financiadores virtuais para mapear os primeiros conteúdos. “Tinha tudo o que você possa imaginar: pessoas querendo saber sobre corrupção, funcionamento dos três poderes, o que faz um vereador ou um deputado”, explica Marmentini. Hoje, com equipe própria e apoio de redatores voluntários, o Politize tem acompanhado temas da agenda política como impeachment, maioridade penal e ajuste fiscal, além de outros termos que, a qualquer momento (ou votação-surpresa em Brasília), voltam a ser comentados nas rodas de conversa, como CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Mas como se manter isento diante de tamanha polarização? “Nosso foco é educação política e não propriamente formação de opinião”, diz Marmentini. “Em diversos conteúdos são colocadas vantagens e desvantagens, o que pensa a esquerda e o que pensa a direita. A gente mostra que existem dois, três ou quatro caminhos, mas o Politize em si não tenta tendenciar.”
Para justificar a posição do site, o representante do Politize cita como exemplo o questionamento, por usuários, de um conteúdo sobre a aprovação, pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), de três novos partidos (Partido Novo, Partido da Mulher Brasileira e Rede de Sustentabilidade). “As pessoas nos criticaram por tratarmos de partidos. Na verdade, estávamos falando de um processo de surgimento de novas siglas. Vem tiroteio de todo lado, mas temos que ter essa postura de educação.”
Projeto para escolas
Após participarem do SocialGood Lab, programa de desafios, encontros presenciais, mentoria e ensino de metodologias inovadoras, o Politize ganhou um novo eixo, voltado para escolas, que começará a ser desenvolvido em 2016. Para medir o impacto do conteúdo na vida real, foram feitos testes com 480 alunos em uma escola privada de Joinville, também em Santa Catarina. Uma professora de ética e empreendedorismo levou os conteúdos para diversificar as aulas de turmas de fundamental 2. “Ela usou os conteúdos que o Politize criou para deixar a aula mais legal. Não teve material analógico, jogo de tabuleiro, nada disso ainda”.
Após o programa de mentoria, o que era apenas um teste ganhou sistematização e a ideia dos criadores do Politize é explorá-la mais em 2016. “Nossa ideia é criar algo baseado na Olimpíada da Cidadania para entrar nas escolas com pouca resistência e ganhar escala”.