Indicado para assumir a presidência da Petrobras, o ex-ministro Pedro Parente disse que não haverá indicações políticas na estatal. Em sua primeira entrevista após ser nomeado pelo presidente interino Michel Temer para o cargo, Parente disse ser "claro e taxativo" com relação ao assunto. Segundo ele, essa é a "orientação clara" de Temer.
Presidente indicado para a Petrobras, Pedro Pullen Parente fala sobre plano de trabalho. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Elogiando a gestão atual de Aldemir Bendine à frente da empresa, o engenheiro disse que a decisão de aceitar o convite para o posto não foi um processo simples. Ele disse sentir a relevância e responsabilidade do cargo e disse que a determinação de Temer é que a empresa vai continuar e aperfeiçoar a sua governança para que seja "estritamente profissional".
"A relação do governo com a Petrobras é de acionista controlador. Portanto, o seu primeiro interesse é o sucesso da empresa. É assim que o presidente Michel Temer vê, é assim que eu também vejo e é assim que a gente vai trabalhar. Teremos uma visão absolutamente profissional, voltada aos interesses da empresa e dos acionistas", disse.
Segundo ele, a proibição de indicações políticas vai facilitar sua própria vida e a dos demais executivos da empresa. "Se for o caso, e não será, certamente elas [indicações] não serão aceitas. Isso foi um dos pontos que me fez decidir [aceitar o convite]", afirmou, depois de admitir que o "desafio" não estava em seus planos.
Pedro Parente informou que pode manter ou tirar os atuais executivos da estatal. "Isso é prerrogativa do presidente-executivo. Na Petrobras, os mecanismos de governança funcionarão como tem de funcionar em qualquer empresa de grande porte. Posso tanto indicar novos diretores quanto propor a saída. É um processo natural."
Antes de Parente responder a perguntas de jornalistas, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que, para assumir o cargo, Parente precisa ter o nome aprovado pelo Conselho de Administração da empresa.
O processo de transição será coordenado pelo conselho da estatal, mas Parente afirmou não ter agendado nenhuma conversa ainda.
"O presidente Michel Temer quando deu posse aos ministros disse que acabou o tempo onde quem tomava posse desconsiderava completamente o trabalho da gestão anterior. O [atual presidente, Aldemir] Bendine [tem trabalhado] com o conselho arduamente para endereçar questões e desafios. Isso vai ajudar a continuidade e os aperfeiçoamentos que sempre são naturais quando acontecem mudança de lideranças", acrescentou.
De acordo com o presidente indicado, as informações preliminares que tem dão conta de que há um processo de auditoria das contas da empresa após os casos de corrupção descobertos pela Operação Lava Jato, mas "não existe orientação para reauditar" os números.
Estou consciente de minha responsabilidade. Não posso ter certezas quando tenho poucas informações. Tenho conhecimento pela imprensa de que há um programa de desinvestimentos em andamento. Nesse conjunto que mencionei, certamente tem de ser avaliada sua continuidade. Mas não posso dar detalhes", adiantou sobre a possibilidade de venda de ativos da estatal.
Como ocupa atualmente a presidência do Conselho de Administração da BM&FBovespa, Parente informou que se afastará do cargo caso haja conflito de interesses, mas que sua vontade é de continuar porque ele conduz no momento processos importantes.
Questionado se, antes de aceitar o convite, pediu opinião ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem já foi ministro, o futuro presidente da Petrobras disse que dialoga com ele sempre que pode, mas que não conversou "especificamente sobre essa questão".