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Procurador-geral denuncia ex-presidente Lula ao Supremo

De acordo com Janot, Lula atuou “na compra do silêncio” do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. O ex-presidente nega as acusações

por André Richter - Agência Brasil   publicado às 07:00 de 04/05/2016

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Rodrigo Janot, em um procedimento oculto em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com a PGR, Lula atuou “na compra do silêncio” do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, a fim de evitar que ele assinasse acordo de delação premiada com a força-tarefa de investigadores da Operação Lava Jato.

Brasília, 16/12/2015 - Procurador-geral da República, Rodrigo Janot durante sessão do STF. Foto: José Cruz/ABr

Os fatos motivaram a prisão, no ano passado, do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS). A prisão foi embasada por uma gravação apresentada à PGR  por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor. Segundo a procuradoria, o senador ofereceu R$ 50 mil por mês para a família de Cerveró e mais um plano de fuga para que o ex-diretor deixasse o país.

Os fatos ocorreram em uma reunião na qual estavam presentes Bernardo e Edson Ribeiro, ex-advogado de Cerveró e Delcídio. Segundo os procuradores, o objetivo de Delcídio era evitar que o ex-diretor fizesse acordo de delação premiada.

A denúncia contra Lula foi oferecida em um inquérito que já tramitava na Corte contra o senador Delcídio do Amaral e o banqueiro André Esteves do BTG Pactual, que também foram denunciados na ocasião. Em depoimento de delação, Delcídio afirmou que Lula, com o pecuarista José Carlos Bumlai e o banqueiro, atuaram com interesse de “esconder fatos ilícitos” que os envolviam.

“A partir daí, as investigações ganharam novos contornos e se constatou que Luiz Inácio Lula da Silva, José Carlos Bumlai e Mauricio Bumlai [filho do pecuarista] atuaram na compra do silêncio de Nestor Cerveró para proteger outros interesses, além daqueles inerentes a Delcídio e a André Esteves”, disse Janot na manifestação em que pediu a inclusão de Lula em outro inquérito.

Resposta
Em resposta à denúncia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Supremo Tribunal Federal (STF), o Instituto Lula informou ontem (3) que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, antecipou juízo de valor ao fazer a denúncia e também negou que o ex-presidente tenha ligação com as investigações da Lava Jato. 

Conforme nota divulgada à noite pelo instituto, a peça apresentada pelo procurador-geral da República "indica apenas suposições e hipóteses, sem qualquer valor de prova. Trata-se de uma antecipação de juízo, ofensiva e inaceitável, com base unicamente na palavra de um criminoso."

De acordo com a nota, o ex-presidente Lula não participou, direta ou indiretamente, de qualquer dos fatos investigados na Operação Lava Jato.

"Nos últimos anos, Lula é alvo de verdadeira devassa. Suas atividades, palestras, viagens, contas bancárias, absolutamente tudo foi investigado e nada foi encontrado de ilegal ou irregular. Lula sempre colaborou com as autoridades no esclarecimento da verdade, inclusive prestando esclarecimentos à Procuradoria-Geral da República", acrescentou o documento.

O instituto concluiu a nota afirmando que o ex-presidente Lula "não deve e não teme investigações”.

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