Ao lançar o que chamou de “um processo novo e transparente”, o presidente da Assembleia Geral da ONU, Mogens Lykketoft, abriu na última terça-feira (12) os diálogos informais com candidatos para o cargo de próxima(o) secretária(o)-geral das Nações Unidas, oferecendo pela primeira vez uma chance de engajamento entre postulantes, membros da organização e da sociedade civil.
ONU. Foto: Rick Bajornas/ONU
“Estamos navegando em águas inexploradas”, disse Lykketoft, durante coletiva de imprensa antes do início dos diálogos informais. Tradicionalmente, o processo seletivo para o cargo era feito a portas fechadas por algumas potências globais.
Chamando o processo de um “potencial exercício de mudança”, o presidente da Assembleia Geral da ONU disse que as conversas são parte de uma discussão “transparente e interessante” sobre o futuro das Nações Unidas.
Durante esta semana, os oito candidatos oficiais responderam perguntas sobre desenvolvimento sustentável, esforços para criação de paz, proteção dos direitos humanos, catástrofes humanitárias e desafios definidos pela Agenda 2030.
No fim do processo, um dos candidatos poderá se destacar frente aos demais, tornando difícil para o Conselho de Segurança – que tem a tarefa da seleção oficial, como determinado pela Declaração da ONU – escolher outro postulante, disse Lykketoft.
Definindo algumas das qualidades de quem seria a “melhor pessoa” para o cargo, ele citou independência, autoridade moral, ótimas habilidades políticas e diplomáticas e alguma experiência em chefiar grandes organizações.
Candidatos
Igor Luksic é vice-premiê e ministro de Relações Exteriores e de Integração Europeia. Ele foi indicado pelo governo de Montenegro. Luksic também foi primeiro-ministro de Montenegro entre 2010 e 2012.
Irina Bokova é atualmente diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Ela foi indicada pelo governo da Bulgária. Bokova foi a primeira mulher a comandar a UNESCO.
Danilo Turk foi presidente da Eslovênia; Natalia Gherman, foi ministra de Relações Exteriores e de Integração Europeia da Moldávia; e Helen Clark, foi primeira-ministra da Nova Zelândia e é a atual administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Abrindo os diálogos, Lykketoft declarou que enquanto a ONU enfrenta múltiplas crises em relação a “questões fundamentais sobre seu próprio papel e desempenho”, encontrar o melhor candidato para suceder o secretário-geral Ban Ki-moon é “absolutamente crucial”.
“Muito do que iniciamos hoje não tem precedentes na ONU”, declarou. “Pela primeira vez em 70 anos dessa organização, o processo para selecionar e indicar o próximo secretário-geral está sendo genuinamente dirigido por princípios de transparência e inclusão – e os diálogos que estão começando hoje são o centro dessa mudança”, acrescentou.
Um comitê da sociedade civil analisou mais de 1 mil questões enviadas de 70 países desde 26 de fevereiro, quando a chamada foi aberta à sociedade civil para a submissão de perguntas. O comitê concordou com uma lista de 30 questões, disse o presidente da Assembleia Geral. “O nível de interesse nesses diálogos do público global e da sociedade civil é extraordinário”, disse.
A seleção será iniciada pelo Conselho de Segurança da ONU no fim de julho.