Mais de 600 pessoas já foram salvas pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) desde abril de 2017. O número é resultado de uma nova operação de busca e resgate de migrantes isolados no deserto do Saara; 52 pessoas, no entanto, não sobreviveram à travessia.
Foto: PMA/Dina El-Kassaby
“Estamos reforçando nossa capacidade de ajudar migrantes em situação de vulnerabilidade no norte da cidade Agadez, no Níger, fronteira com a Líbia”, afirmou o chefe da missão da OIM no Níger, Giuseppe Loprete, na terça-feira.
“Salvar vidas no deserto se tornou mais urgente do que nunca. Desde o começo do ano temos recebido ligações frequentes para resgatar pessoas que fazem essa rota”, acrescentou Loprete.
No dia 28 de maio, foram resgatados apenas seis sobreviventes de um grupo de 50 migrantes que deixaram Agadez em direção à Líbia. Entre eles, apenas uma era mulher. Aos 22 anos, ela deixou a Nigéria no início de abril para buscar um futuro melhor na Europa.
“Estivemos no deserto por dez dias. Depois do quinto dia, o motorista nos abandonou. Ele foi embora com todos os nossos pertences dizendo que nos buscaria em algumas horas, mas nunca voltou”, lembrou ela.
Durante os dois dias que se seguiram, 44 migrantes morreram, o que convenceu os outros seis a buscar ajuda. “Tivemos que beber nossa própria urina para sobreviver”, disse ela. Em apenas uma operação da OIM, em 9 de junho, 92 pessoas foram resgatadas. Entre elas, 30 mulheres e crianças.
Mais recentemente, 24 migrantes foram levados a Séguedine, na região centro-leste de Níger, onde um morreu ao chegar. Entre os 23 sobreviventes estão migrantes da Gâmbia, Nigéria e Costa do Marfim.
Não está claro quanto tempo passaram nos desertos nigerenses. Eles se deslocavam em um grupo de 75 pessoas divididas em três carros, eventualmente abandonadas por contrabandistas durante a viagem para o norte.
A OIM registrou 52 mortes desde que lançou o projeto “Resgate e Assistência na região de Agadez” (MIRAA, na sigla em inglês), em abril. Com duração de 12 meses, a iniciativa quer garantir a proteção a migrantes em áreas remotas, além de fortalecer a gestão migratória do governo do Niger.