A partir de hoje começamos uma nova etapa na conquista de espaços na Cidade Nova. Desde a minha adolescência sempre imaginei uma seção para o público teen na revista. Via só adultos e crianças “atendidos” pelo veículo. O tempo passou, cresci, virei jornalista e, um dia, propus a abertura de algo na publicação. Eles não só toparam como me incentivaram a produzir cada vez mais. Este blog surge com este intuito: estender os assuntos, alongar o papo, criar interação e, mais do que nunca, fazer sua voz estar presente – com opiniões, comentários, pitacos e cornetadas. Fique à vontade. A casa é sua.
Eu, na TV

Eu, na TV
A edição de junho da revista Cidade Nova que logo mais vai pintar aí na sua casa traz em nossa seção Teen uma reflexão sobre o rock nacional. “Teria ele morrido?” “Está na UTI?” “Quem manda bem hoje?” são alguns dos questionamentos que permeiam a reportagem. Um dos entrevistados, o jornalista Ricardo Alexandre (veja o blog dele aqui!), fala sobre a falta que faz uma MTV para a viabilização de uma cena roqueira mais pulsante, entre outros fatores. Pensei que este seria um bom tema para começar nosso papo por aqui: não o rock brasileiro em si, mas a presença do jovem/adolescente na TV aberta.
O fim da MTV tal qual a conhecemos tira de cena uma emissora pensada exclusivamente para o público teen: linguagem, vinhetas, temas, programas e apresentadores. Se ela era bem sucedida em sua missão, é um aspecto que vale pensar com mais calma. A grande questão é que o segmento – jovens de 11 a 19 anos – me parece definitivamente “abandonado" agora. Ou você vai me dizer que Malhação cumpre bem este papel? Ainda que o fizesse, seria de maneira muito tímida, já que a novela rouba “apenas” 30 minutos da programação da TV Globo. Quem poderia ganhar campo com o término da MTV, seria a Mix TV, mas ainda me parece muito incipiente em suas realizações.
A ausência de algo mais dirigido tem, em parte, relação com estudo da audiência, que vai dizer que o adolescente não tem poder aquisitivo elevado. Sendo assim, não seria um público prioritário nas investidas das emissoras. Outra resposta se encontra na própria diversificação de plataformas. O jovem migrou mais rápido – e de maneira mais efetiva – para a internet. Seria na web que ele buscaria diretamente seu entretenimento audiovisual. A própria TV fechada absorve este fatia de público carente de opções na TV aberta.
Existe um problema mais grave em tudo isso. Mesmo que diluído nas programações, o adolescente ainda é refém de todo tipo de estereótipo, com forte predominância para as questões afetivas e sexuais. Elas são importantes, sem dúvida, mas há uma enormidade de assuntos que fazem parte da vida da rapaziada, de política a futebol, das preferências musicais a carreira profissional, da relação com os pais a religiosidade, de meio ambiente a viagem ao exterior, de férias ao intensivão no cursinho...
A capacidade de inovação, quase sempre transformadora e de perfil contestador, está essencialmente no adolescente. Em confronto com um mundo que é apresentado, surgem as indagações e soluções mais poderosas na mente dos jovens. A TV aberta, ao jogar o adolescente para escanteio ou tratá-lo só como nicho de mercado, perde uma chance incrível de renovar sua linguagem e amadurecer sua visão de mundo.
Videoclipes
Quando eu era moleque, na década de 1990, a MTV estava em plena ascensão. Seu início é marcado pela estruturação de um mercado de videoclipes, que hoje foi de vez para o Youtube. Na época, porém, ter acesso a bandas e artistas exigia os dois olhos vidrados na MTV. De lá que vi nascer e explodir a cena grunge e aparecer grupos como Skank, Raimundos, Pato Fu, Planet Hemp, Nação Zumbi e Los Hermanos. Na TV Cultura, surgia o Confissões de Adolescente; no SBT, era o Programa Livre do Serginho Groismann e na Globo, a Malhação já dava seus primeiros passos. Nas bancas, tinha a Bizz. E no rádio, em SP, tinha a 89FM e a Brasil 2000. Pode parecer nostálgico da minha parte, mas o adolescente tinha um horizonte mais inovador do que hoje.
Você concorda? Como você se vê hoje na TV? Mande seus comentários!!!
Playlist
Abaixo, em sintonia com a era dos videoclipes, relembro alguns clássicos que fizeram da década de 90 um período de intenções cosmopolitas. Imperdível!
WEEZER – BUDDY HOLLY (1994)
Você acha que ser retrô é fenômeno dos anos 2 mil? Neste clipe, uma homenagem a um dos pioneiros do rock.
FATBOY SLIM – PRAISE YOU (1998)
O DJ e produtor britânico Norman Cook botou todas as pistas do planeta para balançar com este som empolgante e celebrado até hoje. O clipe tem direção do Spike Jonze.
NIRVANA – IN BLOOM (1992)
De onde você acha que o Dave Grohl depurou toda sua veia cômica?
CHICO SCIENCE & NAÇÃO ZUMBI – MANGUETOWN (1996)
A revolução no pop nacional tinha um endereço: Recife.
PATO FU – SOBRE O TEMPO (1995)
A chegada em uma grande gravadora foi marcada por essa canção de sucesso retumbante.