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Equipe de refugiados quer esquecer passado de guerras e fazer história no Rio

São cinco atletas do Sudão do Sul, dois da Síria, dois do Congo e um da Etiópia. Ao contrário de delegações de ponta, que sonham com medalhas, eles já se consideram vencedores

por Edgard Matsuki - Portal EBC   publicado às 06:59 de 03/08/2016, modificado às 08:49 de 03/08/2016

Cinco atletas do Sudão do Sul, dois da Síria, dois do Congo e um da Etiópia. A poucos dias da abertura oficial, a primeira equipe de refugiados da história dos Jogos Olímpicos está completa para as competições do Rio de Janeiro. O último atleta a chegar para a competição foi o maratonista etíope Yonas Kinde.

Pela primeira vez, atletas refugiados participam de uma Olimpíada. Foto: Edgard Matsuki/Portal EBC

Ao contrário de delegações de ponta, que sonham com medalhas durante os jogos, os atletas da equipe de refugiados já se consideram vencedores antes mesmo de entrar na disputa. É o caso de Yusra Mardini e Rami Anis, nadadores que fugiram da guerra na Síria e encontraram abrigo na Europa. “Eu nadei para sobreviver quando meu barco virou na ida para a Alemanha. Hoje, a natação é que salva a minha vida e me dá a oportunidade de representar não só a bandeira olímpica como o mundo todo”, conta Yusra.

Yusra e Rami perderam amigos durante os conflitos no país natal. Meio sem jeito, Rami diz que prefere sonhar com o futuro do que lembrar o passado na Síria. “Foi triste sair do meu país, mas prefiro planejar o que vem pela frente com essas Olimpíadas”, diz. O nadador tem um meta para os jogos: “Em 2009, o Michael Phelps se negou a tirar uma selfie comigo. Vamos ver se eu consigo neste ano”.

Para escolher os atletas que representam os refugiados, o Comitê Olímpico Internacional (COI) fez uma consulta aos diversos comitês olímpicos nacionais e chegou ao número de 43 candidatos no início do ano. A partir deles é que os dez nomes foram escolhidos. A lista foi divulgada no mês de junho deste ano.

Dentro da equipe de refugiados, há um toque brasileiro. Nascidos no Congo, os judocas Popole Misenga e Yolande Mabika vivem no Rio de Janeiro desde 2013. Após fugir da guerra no país africano, eles encontraram no país-sede das Olimpíadas o lugar ideal para viver. “Hoje tenho filho brasileiro, mulher brasileira. O país me abraçou. O Flávio Canto [campeão de judô] me ajudou e quero ficar aqui”, diz Misenga.

Mabika, que pintou o cabelo de dourado após ser convocada para os Jogos do Rio, afirma que a mudança no visual representa a mudança de vida. “Mudei o meu cabelo porque aqui no Brasil mudei de vida. Espero continuar lutando para sempre”, diz.

No dia 6 de agosto, o time de refugiados já começa a disputar competições. Os primeiros serão os nadadores Mardini e Anis. Os judocas Misenga e Mabika começam a competir na semana que vem. Já os participantes do atletismo entram nas pistas na segunda semana dos jogos. Além de Kinde, também irão participar dos jogos os sudaneses do Sul Yiech Pur Biel, James Chiengjiek Paulo Lokoro Anjelina Lohalith e Rosa Lokonien.

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