Um projeto de um professor do Rio de Janeiro quer ajudar crianças e adolescentes a entender o atual momento de crise no país e mostrar que a corrupção não ocorre apenas na política, mas está presente em atos do dia a dia, praticados por pessoas de qualquer idade.
Arte: Freepik
Denominado "Corrupção: o início, o fim e o meio", o projeto do professor André Luiz Chaves começou a ser implantada no Colégio Mopi, na capital fluminense, mas, segundo o idealizador, pode ser replicado em qualquer escola pública ou privada que se interessar em levar a discussão para seus alunos. O objetivo, segundo ele, é desenvolver com os estudantes métodos de investigação e pesquisa sobre a corrupção.
“Em termos globais, (o objetivo) é o desenvolvimento da cidadania, a partir do momento em que muitas pessoas percebem o que é a dimensão da corrupção em nível nacional, na esfera política, mas não percebem que a corrupção começa em casa, em pequenas atitudes que não são compreendidas como tal, e também na escola. É mostrar que a corrupção é criada, mantida e desenvolvida por nós”, explicou o professor.
O projeto também está em fase de adaptação e implementação em uma escola da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro e em um colégio de freiras. Para Chaves, a multiplicação da experiência é um incentivo para ampliar o alcance do projeto. “Quanto mais colégios usarem, quanto mais pessoas tiverem acesso a esse tipo de prática, acho que é melhor para a educação e para a formação cidadã.”
Novas atitudes
O projeto envolve crianças e adolescentes entre 11 anos e 17 anos. No primeiro momento, Chaves verificou que há uma discussão densa sobre o tema entre os estudantes. Eles já percebem, por exemplo, os processos envolvidos na execução de obras públicas e na prestação de serviços onde pode existir corrupção.
Para que as crianças e adolescentes entendam como começa a corrupção e conversem com os pais sobre o tema, Chaves disse que procura mostrar aos estudantes dois conceitos básicos: agir com gentileza e se colocar no lugar do próximo. Segundo o professor, seguindo esses dois parâmetros, “você já começa a combater a corrupção ou a possibilidade da sua ocorrência”.
Entre os exemplos de como evitar corrupção em pequenos atos do dia a dia apresentados aos estudantes estão atitudes como não furar a fila do cinema ou da cantina e não burlar a entrega de trabalhos de casa com apresentação de falsos atestados médicos. A ideia é que, a partir de atitudes corriqueiras, mas corretas, as crianças e adolescentes possam aplicar esse comportamento para a vida.
Metodologia
Durante o projeto, os estudantes passam uma semana pesquisando e desenvolvendo o trabalho em grupos. As primeiras questões que eles têm que responder é o que é a corrupção, qual é a sua origem na história do Brasil e como a corrupção começa a ser percebida como tal no país.
À medida que os alunos conhecem o objeto da pesquisa, vão apontar quais são as formas para identificar a corrupção e, a partir daí, pensar em modos para combatê-la. No final, os estudantes têm que escrever um projeto de combate à corrupção e defendê-lo.
Os trabalhos são julgados de acordo com densidade, justificativa e aplicabilidade na prática. O melhor projeto será encaminhado ao Ministério da Justiça, ao Congresso Nacional e à Presidência da República, e também ao órgão da Organização das Nações Unidas responsável pelo combate à corrupção.