Descarte de óleo, lixo eletrônico e energia limpa. Esses são alguns assuntos que motivaram os estudantes do Liceu Franco-Brasileiro, no Rio de Janeiro, em seus trabalhos escolares. Os jovens surpreendem na criatividade e criam ferramentas que proporcionam verdadeiramente mudanças nos hábitos da sociedade.
Alunos criam aplicativo para facilitar descarte adequado de óleo. Foto: EcoD
Uma delas é o aplicativo SOS Sistema de Óleo Sustentável, disponível para download no Google Play e na App Store. O projeto consiste na instalação de recipientes capazes de coletar e filtrar o óleo já utilizado, dispostos em prédios para uso coletivo. Aliado a esse sistema, destaca-se o aplicativo para dispositivos móveis, que possui um mapa com postos de coletas e alia os receptores àqueles que estão se desfazendo de seu óleo.
"Os alunos perceberam um problema que os moradores de bairros da região enfrentam. Muitos não destinavam o óleo a postos de coletas por não saber onde ficavam esses postos, ou até mesmo por só conhecerem postos em lugares mais distantes", explica Rosângela, professora e coordenadora de Robótica do Liceu.
"A ideia é que os moradores possam entrar em contato com alguns postos e realizar a troca. Em alguns lugares, há como um clube de recompensas e os moradores, ao juntar pontos e realizar a troca, podem fazer uma permuta com os postos - alguns produzem detergente e podem oferecer o produto em troca, por exemplo. Tornar a ação mais fácil, ágil e atrativa para que as pessoas se animem e ofereçam o destino correto para seu óleo", afirma Rosângela.
Fones de ouvidos
Outra frente trabalhada pelos alunos é o descarte de lixo eletrônico. O projeto Corrente EcoFone é uma campanha feita pela equipe de robótica com o intuito de diminuir o descarte inadequado dos fones de ouvido, já que estes possuem componentes tóxicos (como o alumínio neodímio), metais como cobre e ouro, e plástico e borracha, os quais podem ser facilmente reciclados. Se descartados de forma inadequada, os fones trazem consequências como aumento de volume nos lixões e aterros sanitários, poluição da atmosfera (por causa da queima) e dos lençóis freáticos, e por conseguinte, contaminação das populações ribeirinhas.
O funcionamento da Corrente é simples: consiste na instalação de garrafas PET em instituições (como escolas e empresas), onde funcionários e estudantes podem descartar os fones que não funcionam mais. Quando for atingido um número suficiente de arrecadações, é só consultar o aplicativo, que também possui um mapa com as empresas de coleta e reciclagem de lixo eletrônico mais próximas. Assim, a unidade participante entra em contato com o posto de reciclagem, o qual se dirige até o cliente para dar um destino correto aos aparelhos de som.
O aplicativo ainda está em fase de desenvolvimento, porém já pode ser baixado na Google Play, por QR code e por link. A instalação dos recipientes custa dois reais, pois as garrafas PET podem ser reutilizadas; apenas as braçadeiras devem ser compradas, para instalar em paredes.
Iluminação pública
Por fim, os alunos ainda pensaram em mais um projeto para esse ano, dessa vez com foco na energia limpa. O sistema consiste na aplicação de dínamos nos equipamentos das Academias Públicas da Terceira Idade, encontradas em toda a cidade do Rio de Janeiro.
Dessa forma, a energia mecânica resultante dos exercícios será convertida em energia elétrica e utilizada para a iluminação pública. Assim, o consumo da energia advinda de usinas poluentes, como as hidrelétricas e termoelétricas, será reduzido, favorecendo a população e o meio ambiente. E o melhor: com um custo muito baixo. O sistema é fácil e barato e pressupõe uma economia grande de energia - o que for gerado pelos exercícios durante todo o dia consegue iluminar a academia durante toda a noite.
Apesar desse projeto ainda não ter saído do papel, testes já foram realizados e a equipe busca incentivos junto à prefeitura para sua concretização. "Pensamos nas academias públicas, mas o projeto pode ser facilmente aplicado em qualquer academia. É uma ótima alternativa pois, mesmo que não seja a substituição de toda energia não-renovável, estamos amenizando esse alto consumo. Precisamos do detalhe: o patrocínio.", explica Rosângela, professora de robótica da Escola. O projeto participa nos dias 5 e 6 de março do Torneio Brasileiro de Robótica, realizado em São Paulo, no Parque da Juventude.