O Futebol das Nações, projeto que busca promover a integração dos refugiados no Brasil, foi lançado ontem (25), em cerimônia no Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã. Durante o evento, do qual participaram 20 refugiados de vários países, foram discutidos temas relacionados à inserção desses imigrantes: preconceito, acesso ao mercado de trabalho, igualdade de gênero, violência contra as mulheres e ensino do idioma local.
Maracanã recebe refugiados para lançamento do projeto Futebol das Nações. Foto: ACNUR
O projeto é uma parceria do Maracanã com a Rede Cáritas, organização não governamental (ONG) que trabalha na proteção, integração e promoção social dos refugiados. Ela tem o apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e da Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres.
Após o lançamento do projeto, os refugiados participaram de uma partida de futebol dividida em três etapas: na primeira, os jogadores conversam e definem as regras da partida; a segunda é o jogo em si; e na terceira, voltam a se reunir para discutir o que aconteceu em campo. O diretor executivo da Cáritas no Rio de Janeiro, Cândido Feliciano, disse que o projeto ajuda a fortalecer o "espírito" de irmandade e coletividade.
"Esta ação de hoje é simbólica e acho que vai ter grande repercussão no ego dessas pessoas. Para quem está sofrendo, quem está buscando se integrar à sociedade. Este projeto ajuda fazê-lo a se sentir amado, querido e abraçado, e isso é muito importante para quem veio se refugiar no nosso país", afirmou Feliciano.
Para o representante da Acnur no Brasil, Andrés Ramirez, o Futebol das Nações é uma importante iniciativa, principalmente no atual cenário econômico do Brasil. "Não temos muito problema com xenofobia no país, mas, pelo que vemos em outros lugares, quando a situação econômica é complicada, com aumento do desemprego e da inflação, as pessoas tendem a colocar a culpa no imigrante e o refugiado é ainda mais vulnerável”.
O guineano Dabo Sekou, que está no Brasil há seis meses, contou que saiu de seu país por causa, principalmente, da instabilidade política na Guiné-Conacri. Sobre sua experiência no Brasil, Sekou disse que a vida aqui é muito melhor do que lá. "Está sendo muito bom porque as pessoas daqui têm muito amor pelos estrangeiros. Hoje, especialmente, está sendo um grande dia para mim, vir a este estádio vai ser algo que nunca vou esquecer, estou muito feliz."
Segundo dados do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), o Brasil tem atualmente 8.400 refugiados reconhecidos oficialmente. Em outubro do ano passado, eram 7.745. Ainda de acordo com o órgão, vinculado ao Ministério da Justiça, os sírios são a nacionalidade mais numerosa no país (2.077), seguidos por angolanos (1.480) e colombianos (1.093).