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Rio 2016: deficientes visuais conhecem Parque Olímpico por meio de maquete tátil

A iniciativa é do Comitê Organizador, em parceria com Instituto Benjamin Constant, tradicional instituição de ensino para pessoas com deficiência visual da capital fluminense

por Flavia Villela - Agência Brasil   publicado às 09:52 de 28/04/2015, modificado às 09:52 de 28/04/2015

Alunos do Instituto Benjamin Constant (IBC), tradicional instituição de ensino para pessoas com deficiência visual, localizado no bairro da Urca, na zona sul da cidade, conheceram ontem (27), por meio do tato, a maquete oficial do Parque Olímpico Rio 2016. O Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, zona oeste, ocupa uma área de 1,18 milhão de metros quadrados (m²) e receberá disputas de 16 modalidades olímpicas e nove paralímpicas. A maquete de 1,3 m² foi construída especialmente com esse objetivo.

Forma tridimensional da maquete ajuda alunos a criar imagem do Parque Olímpico. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

“A maquete é tão grande que serão necessárias novas visitas para eles terem tempo de ver tudo”, disse Luciana Arruda, professora de geografia do instituto. Ela acompanhou os alunos na exploração tátil da maquete. “A forma tridimensional ajuda o deficiente visual a criar a imagem daquela paisagem. No dia em que eles forem lá assistir aos Jogos Paralímpicos, vão lembrar que viram esse lugar na maquete que estava na escola e farão essa associação”, ressaltou.

Luciana destacou a importância das placas de identificação em braille das instalações e demais elementos do parque para o entendimento da maquete. Alguns alunos e professores notaram, entretanto, a falta das letras maiúsculas nos nomes próprios, erro que foi informado ao Comitê Rio 2016, que garantiu a troca.

Deficiente visual desde os 5 anos e coautor da maquete tátil, Marcos Lima, da área de Integração Paralímpica do Comitê, explicou que a escala, de 1 para 750, foi pensada para que a pessoa com deficiência visual tenha noção mais exata do tamanho das arenas e dos espaços públicos.

“O ponto de apoio são os carros, que são conhecidos por todos. Pelo tamanho dos carros é possível fazer uma comparação com o tamanho das arenas. É tudo bem detalhado, tem a vegetação, as árvores”, explicou. “O cego enxerga com a mão. Você está cansada de ver a Torre Eiffel, mas eu achava que ela tinha o formato de uma torre de xadrez. Só quando toquei na miniatura da torre, percebi que era totalmente diferente”, disse Marcos Lima.

Ex-aluno do instituto, o paratleta Felipe Gomes ficou surpreso com algumas formas que encontrou na maquete. “Não sabia que a parte do tênis era redonda, para mim era quadrada. E o que eu achava que era redonda é um retângulo, que é a parte do handebol. Aqui podemos ver como será o local da festa dos Jogos Paralímpicos 2016.”

Diferentemente de uma maquete comum, a tátil tem materiais resistentes como madeira, chapa de PVC, acrílico, tinta de pintura de piso e as estruturas são aparafusadas para resistir aos constantes toques. Estão representados na obra as nove arenas esportivas, o Centro Principal de Imprensa, o Centro Internacional de Transmissão, um hotel, parte da Lagoa de Jacarepaguá, a Avenida Embaixador Abelardo Bueno e estações de BRT.

A maquete ficará exposta por um mês no Instituto Benjamin Constant e aberta ao público. Depois, será apresentada a alunos de três unidades dos ginásios experimentais olímpicos e finalmente transferida para a sede da Empresa Olímpica Municipal e do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016.

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