Um movimento global que busca estimular jovens a identificar e pensar em soluções inovadoras para problemas existentes em suas comunidades chegou oficialmente ao Brasil. O Design for Change, que surgiu na Índia em 2006, já está presente em mais de 35 países e aqui recebe o nome de Criativos da Escola. “Sempre sentimos dificuldades com o nome em inglês, a palavra design não tem tradução literal e mais atrapalhava do que ajudava. Por isso decidimos destacar a criatividade, que é um dos pontos centrais do movimento”, explica Carolina Pasquali, coordenadora do projeto, que no Brasil é viabilizado pelo Instituto Alana.
Intitulado "Criativos da Escola", o projeto visa estreitar o vínculo de adolescentes com suas comunidades. Arte: LimKis Maria/Vector Open Stock*
Há dois anos o projeto estava sendo testado em escolas brasileiras públicas e particulares e, desde o último dia 25, o material está disponível em português gratuitamente para quem se interessar no site do movimento.
A abordagem se baseia em quatro pilares centrais: empatia, protagonismo, trabalho em equipe e criatividade, acreditando que esses são os valores necessários para estimular nos jovens o sentimento de pertencimento e o vínculo com suas comunidades.
Por ser inspirada nos princípios do Design Thinking, a abordagem incentiva a criação, a interação e a experimentação das soluções e é estruturada em quatro passos: sentir, imaginar, fazer e compartilhar. Na primeira etapa, o objetivo é incentivar os jovens a identificarem situações em seu entorno que os afetem e que gostariam de mudar. “É o momento de abrir um campo de escuta e de encorajar os alunos a expressar seus sentimentos”, reforça Pasquali.
Em seguida, é conduzido um processo de investigação sobre o tema escolhido, em que são observados diferentes pontos de vista sobre ele e imaginadas possíveis soluções. Depois disso, é hora de colocar a mão na massa, de construir um plano e um cronograma de execução. Por fim, depois de concluído, o projeto é divulgado para a escola, a família e a comunidade, para celebrar o esforço e a dedicação dos envolvidos e também inspirar outras pessoas a transformarem sua realidade.
“Uma das grandes vantagens do material é que ele é muito flexível e adaptável. O professor pode usar o que achar interessante e da maneira que preferir”
Exemplos de projetos já realizados podem ser encontrados por todo o mundo, como o de um mutirão para alfabetização adulta em um vilarejo indiano, onde estudantes ensinaram os próprios pais a ler e escrever. No México, alunos revitalizaram uma praça nos arredores de sua escola para poderem usá-la como espaço de recreação. Na Colômbia, estudantes incluíram na grade escolar um aula para aprenderem sobre a história de seus ancestrais. No Brasil, alunos filmaram um documentário para mostrar a beleza de seu bairro e recuperar o orgulho de seus moradores.
A diversidade do que pode ser feito é uma amostra da versatilidade da proposta. “Uma das grandes vantagens do material é que ele é muito flexível e adaptável. O professor pode usar o que achar interessante e da maneira que preferir”, reforça a coordenadora.
Desafio
Professores e educadores que experimentarem a abordagem com um grupo ou turma de jovens podem inscrever seus projetos em uma premiação que reconhecerá as melhores iniciativas de transformação da realidade realizadas por crianças e adolescentes de todo o Brasil.
Os prêmios oferecidos incluem uma viagem de 3 dias para São Paulo para uma vivência com oficinas inovadoras, uma celebração para toda a escola no valor de até R$ 2 mil (pode ser uma festa ou um passeio, por exemplo) e um curso de formação para o educador de até R$ 1 mil.
Para mais informações e o regulamento completo, acesse o site do Criativos da Escola.