Dez escolas brasileiras foram consideradas transformadoras pelo projeto “Escolas Transformadoras”, iniciativa da organização mundial Ashoka e do Instituto Alana, por proporcionarem o desenvolvimento de novas competências como a empatia, a criatividade, o trabalho em equipe e o protagonismo social aos alunos.
Foto: Ivan Vicencio/Free Images
“O conjunto dessas aptidões dá ao indivíduo as ferramentas necessárias para se tornar transformador, capaz de empreender e liderar ações que criem um futuro melhor para todos nós”, disseram os organizadores.
A Escola Comunitária Luiza Mahin, de Salvador (BA), que nasceu da iniciativa da Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia, valoriza a cultura afro-brasileira e foi uma das selecionadas.
A coordenadora Sonia Dias explicou que ali se trabalha “a questão da ancestralidade. O desafio é deixar a chama acesa em cada criança, em cada pessoa que compõe a equipe”.
“Conseguimos desenvolver em cada criança o sentimento de pertencimento ao território, garantir a eles o desejo de não querer habitar outro local e, assim, transformar o local em que ele está naquele local que foi construído pelo avós”, acrescentou.
“Não existe local transformado se as pessoas não estiverem transformadas”, disse Sonia.
Outro exemplo transformador é o Colégio Viver, localizado em uma grande área verde, afastada da cidade, no município de Cotia (SP). Ali, são realizadas assembleias para discutir os problemas da escola e as crianças fazem as regras a partir de discussões.
Em uma das ocasiões, ficou decidido que as crianças, quando quebrassem alguma coisa do uso comum, teriam de providenciar o conserto. “E a ideia não é pagar o objeto. Queremos mostrar responsabilidade”, afirmou a coordenadora Anna Maria Freire.
A Ashoka e o Instituto Alana trouxeram para o Brasil uma experiência de Escola Transformadora da Índia: a Riverside. A empreendedora social indiana Kiran Bir Sethi criou a escola em 2001 a partir do que vivenciou com seu filho, na época com 6 anos de idade. Após uma atividade frustrada na escola em que estudava, o menino voltou para casa dizendo “eu não consigo, eu não posso”.
“Falamos para as nossas crianças “você não tem escolha a não ser escutar, escutar o que temos a dizer para você. E aí nos perguntamos: por que nossos filhos não se tornam transformadores?”, disse Kiran.
Naquele dia, ela tirou o filho da escola e pensou o que faria. “Eu não tinha nenhum problema com a escola, eu tinha um problema com o sistema, que faz as nossas crianças falarem “não consigo, não posso”, ressaltou.
“Em 2001, testamos e iniciamos a escola Riverside com um foco: desenhar a natureza humana, que vai fazer com que toda criança diga “sim, eu posso ser um realizador de mudanças, um transformador, um protagonista social”, disse Kiran.
A coordenadora do Instituto Alana, Ana Cláudia Leite, afirmou que o projeto traz luz para experiências que ocorrem ao redor do mundo e que já estão caminhando neste processo de olhar o potencial da criança.
“Essas escolas transgridem, mostram que podem ser um espaço de convivência, de fortalecimento das competências transformadoras e espaço que gera ações e fortalece a utopia”, finalizou.
*Colaborou Bruno Bocchini