Ribeirinhos na Amazônia. Foto: ABr
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) salientou o importante papel das florestas na redução da pobreza e na promoção do desenvolvimento, apelando aos governos que apostem em políticas que potenciem estas contribuições.
Em relatório apresentado em Roma, por ocasião da 22ª Sessão do Comitê da FAO para as Florestas, a organização internacional defendeu que os países devem apostar em políticas destinadas a manter e a potencializar as contribuições das florestas para os meios de subsistência, a alimentação, a saúde e a energia. Para isso, a FAO defende que os países devem colocar “as pessoas no centro das políticas florestais”.
O documento, intitulado O Estado das Florestas do Mundo (Sofo), salienta que “uma parte significativa da população mundial depende, muitas vezes em grande medida, dos produtos florestais para satisfazer as suas necessidades básicas de energia, habitação e alguns aspectos de cuidados de saúde primários”.
"Esta edição do Sofo incide sobre os benefícios socioeconômicos provenientes das florestas. É impressionante ver como as florestas contribuem para as necessidades básicas e os meios de vida rurais. As florestas também sequestram carbono e preservam a biodiversidade", afirmou o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, citado na mesma nota informativa.
No entanto, o relatório concluiu que, em muitos casos, estes benefícios socioeconômicos, que passam pela redução da pobreza, pelo desenvolvimento rural e pela criação de economias mais verdes, “não são abordados de forma adequada pelas políticas florestais”.
O documento alerta igualmente que o papel das florestas para a segurança alimentar, considerado pela FAO como “essencial”, também é frequentemente esquecido. "Deixem-me dizer isto claramente: não podemos garantir a segurança alimentar ou o desenvolvimento sustentável sem a preservação e a utilização responsável dos recursos florestais", reforçou José Graziano da Silva.
Outro alerta feito pelo relatório é quanto à necessidade de melhorar a produtividade do setor privado, incluindo os produtores informais, e de aumentar a responsabilização pela gestão sustentável dos recursos nos quais se baseiam as empresas florestais. De acordo com o documento, também é necessário um maior reconhecimento do papel dos serviços ambientais que as florestas proporcionam, bem como dos mecanismos de pagamento para garantir a manutenção desses serviços.
Segundo a FAO, à luz dos dados e análises fornecidos pelo relatório, poderá ser necessário reorientar muitas políticas nacionais. “Os países devem mudar o seu foco, tanto na coleta de dados como na formulação de políticas, da produção para os benefícios. Em outras palavras, das árvores para as pessoas”, afirmou o diretor-geral adjunto da FAO para Florestas, Eduardo Rojas-Briales.
*Texto original editado pela Cidade Nova