Cidade Nova Um projeto pela Fraternidade Universal

    A África e a Europa partilham um passado histórico longínquo, e um futuro também, graças a projetos como o AFRESH que está a formar 1250 jovens líderes. Em 2021, a União Europeia, por meio da Direção Geral para a Pesquisa e Inovação, criou o projeto Horizon Europe (Horizonte Europa). Esse é um grande programa de 95,5 mil milhões de euros de financiamento para as áreas da pesquisa científica e inovação. 

    Foi nesse âmbito que o projeto AFRESH nasceu.  AFRESH é a sigla inglesa para África e Europa Mesmo Horizonte. Ele foi criado por meio de uma parceria entre a União Europeia, que cofinanciou esse projeto, e a associação internacional New Humanity em 2022, com a duração de 3 anos. 

    É uma iniciativa de formação de líderes no âmbito social. Consiste em 185 horas de ações de formação e intercâmbio virtual. Foi destinado para jovens africanos do Quênia, Burundi, Uganda, República Democrática do Congo e Costa do Marfim, e europeus de Portugal, Itália, Bélgica e Espanha. Foca-se essencialmente na atribuição de competências e soft skills de liderança com o intuito de permitir que esses jovens se tornem agentes transformadores nas suas comunidades.  

    O programa de formação incluiu um vasto panorama de matérias cívicas, digitais, artísticas e emocionais como letramento de mídia, estratégias para angariação de fundos para o terceiro setor e avaliação de impacto social. Abrange variadíssimos temas, como documentos relevantes da ONU, União Europeia e União Africana sobre as alterações climáticas e o papel da juventude. Para além disso, o programa conta com duas escolas de verão da Together for a New Africa e três edições do evento United World Week. Nessa formação, analisam-se ainda os princípios, procedimentos e práticas de seis projetos parceiros da associação internacional New Humanity: Together for a New Africa, Living Peace Internacional, Up2Me, TEENS, Milonga e Pathways. 

    A escola de verão Together For a New Africa (T4NA) é coordenada por uma associação parceira do AFRESH, Opus Mariae Registered Trustees (Quénia). A mais recente edição ocorreu entre os dias 11 e 15 de setembro de 2023, em que os jovens dos países africanos se encontraram presencialmente nos seus próprios países e online com jovens de outros países africanos e europeus. Foram abordados temas associados a questões do continente africano, na visão da juventude, como a apresentação do inquérito Jovens Africanos: tenham uma palavra a dizer; África e Europa no mundo de hoje; Liderança e coliderança e, ainda, Grandes líderes, tendo havido também momentos de intercâmbio virtual com jovens europeus. 

    Um jovem estudante africano de Física dos Materiais e Energia que participou nessa escola de verão, afirmou que essa experiência lhe permitiu “construir uma visão comum dos povos africanos e europeus”. Angel Elizabeth Nalumansi, outro jovem que participou no Together For a New Africa, disse que estar escola de verão levou-o a compreender que não precisa ser o presidente ou o dirigente político para ser um líder. “Atualmente, estou a liderar uma equipa de indivíduos que apoiam pessoas sem abrigos com soft skills como as artes e os ofícios, e também por meio de habilidades de liderança e mentoria, de forma a ajudar a erradicar a pobreza da nossa sociedade. A pobreza é difícil de testemunhar e, às vezes, vivenciando apenas como indivíduos, há que fazer a nossa parte para restringi-la”, completou ele.

    Corinne Raboud, coordenadora do projeto AFRESH, afirmou que o projeto tem ido ao encontro dos objetivos definidos. Ela disse ainda que em uma das atividades do Living Peace International, um projeto de educação para a paz, com adolescentes da Itália, Bélgica, República Democrática do Congo e Burundi, vários alunos indicaram que os momentos de intercâmbio virtual ajudaram a desfazer certos preconceitos e estereótipos, e exprimiram o desejo de continuar essa experiência para além das atividades já previstas no projeto. 

    As sessões da formação são dadas por uma rede de instituições parceiras da associação internacional New Humanity em África e na Europa: a Opus Mariae Registered Trustees (Quénia), a Cadre Associatif des Solidaires du Burundi (Burundi), a Namugongo Social Services Organisation (Uganda), Association pour l’Économie de la Communion (República Democrática do Congo), a Oeuvre de Marie en Cote d’Ivoire (Costa do Marfim), o Movimento Juventude Nova (Portugal), a Azione per un Mondo Unito (Itália), a Humanité Nouvelle – Nieuwe Mensheid (Bélgica) e a Acciones de Familias Nuevas (Espanha). 

    O AFRESH promove também o aumento da cooperação entre a sociedade civil nos dois continentes. Durante os 3 anos, organizou 23 partilhas virtuais entre as 10 associações parceiras, nomeadamente, para partilhas de conhecimento, de perspectivas interculturais, de experiências e de boas práticas. 

    Os países africanos onde o AFRESH está presente são caracterizados por baixos níveis de democratização, educação sexual e de letramento social e digital. Por meio da participação no Up2Me, em que jovens dos dois continentes são apoiados na aquisição de competências emocionais e relacionais, um jovem do Burundi afirmou que participar no Up2Me permitiu-lhe “encontrar um espaço protegido onde foi possível falar sobre assuntos considerados tabu na sua cultura”.  

    Um outro objetivo da UE ao financiar projetos como o AFRESH é aumentar o empreendedorismo e, assim, reduzir a dependência dos países africanos de ajuda externa, procurando fomentar um verdadeiro crescimento económico. AFRESH e a UE sublinham, pois, a importância da juventude como parte da solução dos problemas do presente e do futuro.