Jesus está chegando a Betânia, onde Lázaro se encontra morto há quatro dias. Ao saber da notícia, Marta corre esperançosa ao seu encontro. Jesus amava Marta, Maria e Lázaro, como salienta o Evangelho1. Mesmo na dor, Marta manifesta ao Senhor a sua confiança Nele. Tinha a certeza de que, se Ele tivesse estado presente antes da morte do irmão, Lázaro ainda estaria vivo. Mas também confia que, mesmo agora, Deus atenderá qualquer pedido que Ele fizer. “Teu irmão vai ressuscitar” (Jo 11,23), afirma então Jesus.
“Crês isto?”
Jesus esclarece que está falando do retorno de Lázaro à vida física, aqui e agora, e não apenas da vida após a morte, destino de todo aquele que crê. Depois, pede que Marta afirme sua adesão à fé, não só para que Ele realize um dos seus milagres – que o evangelista João define como “sinais” –, mas para dar uma vida nova e a ressurreição tanto a ela, como a todos os que acreditam. “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11,25), afirma Jesus. E a fé que lhe pede é uma relação pessoal com Ele, uma adesão ativa e dinâmica. Crer não é como aceitar um contrato que se assina uma vez e depois não se olha mais, mas é um fato que transforma e permeia a vida de cada dia.
“Crês isto?”
Jesus convida a viver uma vida nova aqui e agora. Ele nos chama a experimentá-la todos os dias, sabendo que, conforme redescobrimos no Natal, foi Ele mesmo que nos trouxe essa vida nova, tomando a iniciativa de nos procurar e de vir para estar entre nós.
Como responder à pergunta que Ele faz? Olhemos para Marta, a irmã de Lázaro.
No diálogo com Jesus, brota uma profissão de fé completa Nele. O texto grego original expressa isso com força ainda maior. A declaração de Marta “eu creio” significa, com todas as consequências, “atingi a fé”, “creio firmemente” que “tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que vem ao mundo2”. É uma convicção amadurecida ao longo do tempo, comprovada nas diversas circunstâncias que ela enfrentou na vida.
O Senhor dirige a sua pergunta também a mim. Pede também a mim que tenha uma confiança generosa Nele e que adote o seu estilo de vida, fundamentado no amor generoso e concreto para com todos. A perseverança amadurecerá a minha fé, que se fortalecerá ao constatar dia após dia como são verdadeiras as palavras de Jesus colocadas em prática. E esses frutos não deixarão de se manifestar nas minhas atitudes diárias para com todos. Enquanto isso, podemos adotar como nosso o pedido que os apóstolos fizeram a Jesus: “Aumenta a nossa fé” (Lc 17,5).
“Crês isto?”
“Uma das minhas filhas perdeu o emprego juntamente com todos os seus colegas, porque o governo extinguiu o órgão público para o qual trabalhavam”, diz Patrícia, de um país sul-americano. “Como forma de protesto, organizaram um acampamento em frente à sede da entidade. Eu procurava apoiá-los, participando de algumas das suas atividades, levando-lhes comida ou simplesmente ficando ali para conversar com eles.
Na Quinta-feira Santa, um grupo de sacerdotes que os acompanhava decidiu celebrar uma cerimônia, em que também foram oferecidos espaços de diálogo. Foi lido o Evangelho e se fez o gesto do lava-pés, em memória daquilo que Jesus tinha feito. A maioria dos presentes não adotava uma vida religiosa. Contudo, foi um momento de profunda união, de fraternidade e de esperança. Eles se sentiram abraçados e, com emoção, agradeciam aos sacerdotes que os acompanhavam na incerteza e no sofrimento.”
A palavra de Jesus “Crês isto?” foi escolhida como guia para a “Semana de Oração pela Unidade Cristã de 20253”, mas serve para todos os tempos e lugares. Rezemos, então, e trabalhemos para que a nossa fé comum seja o que nos move na busca da fraternidade com todos: é a proposta e o desejo de Deus para a humanidade, mas exige a nossa adesão. A oração e a ação serão eficazes se brotarem dessa confiança em Deus e da nossa vivência coerente com essa fé.
Organizado por Silvano Malini com a comissão da Palavra de Vida.
1) Jo 11,5.
2) Cf. Jo 11,27.
3) No hemisfério Norte, a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) é celebrada todos os anos do dia 18 ao dia 25 de janeiro, festa da conversão de são Paulo. No hemisfério Sul é celebrada entre o domingo em que se festeja a Ascensão e o domingo de Pentecostes (em 2025 será de 1º a 8 de junho).