A sustentabilidade foi o tema central do concurso que escolheu seis pessoas entre os mais de 30 profissionais e universitários que participaram ontem (9) do concurso internacional Smart Living Challenge, organizado pela Embaixada da Suécia. Os nomeados vão formar um grupo e criar soluções para a sustentabilidade urbana e a mobilidade na Cidade Universitária da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão, na zona norte do Rio.
Cidade Universitária - UFRJ. Foto: Divulgação
O uso de bicicletas, para redução de gases poluentes, também foi bastante discutido e será o segmento usado pelo grupo formado. A competição buscou inovações que poderão ser aplicadas no Rio de Janeiro ou em qualquer outra cidade. Para a coordenadora do Fundo Verde da UFRJ, Suzana Kahn, o objetivo do projeto é levar a ideia para o mundo real e implementá-la na cidade universitária para estimular o surgimento de outras ideias e ampliar o espaço de convivência social entre os universitários.
"Espero que a gente realmente possa ter um projeto que melhore nossa mobilidade, que tenha de fato uma forma de incentivo e que outros projetos surjam. É importante também para estimular a vida universitária, porque quando você usa automóvel ou qualquer transporte motorizado, você convive pouco, ao passo que, quando você circula, anda, seja de bicicleta ou a pé, acaba socializando mais, o que acho fundamental para um campus universitário", comentou Suzana.
Ela avalia que o projeto pode servir de laboratório para novas práticas sustentáveis, poderá beneficiar outros locais e até mesmo ser expandido para o resto da cidade. Já o embaixador da Suécia no Brasil, Per-Arne Hjelmborn, afirma que além de incentivar as ideias criativas, é importante fazer com que uma convivência seja criada entre as pessoas para que não haja uma guerra entre carros e transporte público ou bicicletas.
O embaixador relata que sustentabilidade, transporte e inovação serão tratados, a partir de agora, pelo grupo escolhido. Para ele, os assuntos são importantes para a evolução do planeta, além de melhorar a qualidade de vida das pessoas: "É nas cidades que 50% das pessoas moram, então o transporte é uma coisa muito importante, e sabemos que o uso de carros não é a solução dos transportes, porque quanto mais vias se constroem ainda mais carros. Então, o transporte público, as bicicletas e os pedestres podem construir soluções mais coletivas e melhorias no transporte, com menos poluição e melhor qualidade de vida", disse.
Um dos alunos escolhidos César Gonzales, de 26 anos, que cursa mestrado em engenharia de transportes na UFRJ, comemorou a nomeação e disse que será possível construir um bom projeto. Segundo ele, as palestras e experiências anteriores vão ajudar no desenvolvimento do trabalho, e contou um pouco de sua proposta.
"A gente tem uma boa infraestrutura para o ciclista, mas vejo que não é muito usada. Então, identificamos aquelas barreiras que a gente tem para o uso da bicicleta aqui no Fundão, e uma delas é que o acesso à Ilha do Governador praticamente só é possível de carro ou de ônibus. É muito difícil você pegar a bicicleta fora da Ilha e chegar à Ilha do Fundão, e eu quis facilitar esse contato e propor um sistema de barcas que tenha um ponto de parar na Ilha e um ponto de parar no Fundão, e que seja possível transportar a bicicleta dentro daquela barca", explicou. "O projeto pode ser escalado para toda a cidade do Rio de Janeiro. Cito, como exemplo, as barcas que fazem o percurso de Niterói até a Praça XV, no Rio, que não permitem entrada de bicicletas. A gente precisa ligar também as pessoas ao nosso projeto. É um elemento muito importante para que nossas ideias possam ter sucesso, então a gente deve trabalhar também nessa área", avaliou.
Os seis selecionados irão desenvolver em três meses um projeto em conjunto, que será apresentado durante a COP21, o maior evento mundial para discussão de questões ligadas à sustentabilidade e meio ambiente, em Paris, na França, no final deste ano.
*Texto original editado pela Cidade Nova.