O número de crianças que vivem abaixo da linha da pobreza cresceu em 2,6 milhões nos países ricos desde 2008, por conta dos impactos negativos da onda de recessão que atingiu essas economias, afirma um novo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), lançado na última terça-feira (28).
A pobreza infantil aumentou em 23 das 41 nações analisadas pelo relatório "Crianças da Recessão: O impacto da crise econômica no bem estar infantil em países ricos", totalizando em 76,5 milhões o número de crianças que vivem em condições de pobreza nos países desenvolvidos.
Daniela e Chiara, que aos dezesseis anos não estudam nem trabalham, em Turim, na Itália. Foto: Giacomo Pirozzi/Unicef
As taxas mais altas do relatório foram as da região do Mediterrâneo, que cresceram em mais de 50% na Croácia, Grécia, Islândia, Irlanda e Letônia. A média de renda das famílias com crianças retrocedeu em diversos outros países: Portugal e Itália atingiram os níveis de oito anos atrás, enquanto a Espanha perdeu os progressos de renda da última década.
Segundo o UNICEF, o agravamento das disparidades entre ricos e pobres, os declínios graduais da renda e o fato de muitos jovens não estarem na escola, empregados ou sendo treinados para alguma atividade provocam preocupação, uma vez que podem causar mudanças estruturais de longo prazo que representam retrocessos para as crianças do mundo desenvolvido.
O líder de estratégia e política global do UNICEF, Jeffrey O’Malley, enfatizou que a força das políticas de proteção social é um fator decisivo na prevenção da pobreza. Por isso, os países ricos devem fazer do bem estar infantil uma prioridade, se comprometer a erradicar a pobreza infantil e desenvolver políticas que equilibrem crises econômicas.