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Nobel a Bob Dylan é grande precedente, dizem especialistas

Em decisão surpreendente, a Academia Sueca premiou o compositor por “ter criado novas formas de expressão poéticas no quadro da grande tradição da música americana”

por Heloisa Cristaldo - Agência Brasil   publicado às 11:53 de 14/10/2016, modificado às 11:53 de 14/10/2016

A escolha de Bob Dylan como vencedor do Prêmio Nobel de Literatura 2016 pela Academia Sueca surpreendeu o mundo na última quinta-feira (13). O cantor foi premiado por “ter criado novas formas de expressão poéticas no quadro da grande tradição da música americana”. Conhecido por ser um artista reservado, o norte-americano ainda não se manifestou sobre a conquista do prêmio.

O prêmio Nobel de Literatura 2016 foi atribuído a Bob Dylan, por ter criado novas formas de expressão poéticas no quadro da grande tradição da música americana, anunciou hoje (13) a Academia Sueca. Bob Dylan é o nome artístico de Robert Allen Zimmerman, nascido em 24 de maio de 1941 – compositor, cantor, pintor, ator e escritor norte-americano. Foto: Pete Souza/Official White House

“Claro que não foi a poesia, nem mesmo cantado poesia. É por compôr música, é contar histórias, é o ruído elétrico, é um trovador explorando as invenções das novas mídias do seu tempo [amplificadores, microfones, estúdios de gravação, rádio] para o desempenho literário a forma como os dramaturgos ou roteiristas fizeram uma vez. É amor, é roubo, é o fogo que ele construiu na Main Street [rua principal] e disparou cheio de buracos. Ele não ganhou por Crônicas [autobiografia escrita por Dylan], a melhor memória do rock & roll de todos os tempos. Ele não ganhou por Tarântula, seu famoso e indecifrável romance. Ele não ganhou por seus versos líricos, que permanecem cheio de erros que ele nunca se preocupou em corrigir”, disse o articulista da revista norte-americana especializada em música Rolling Stones, Rob Sheffield. “Ele ganhou por inventar maneiras de fazer canções que não existiam antes”.

Para o crítico musical e apresentador da Rádio Nacional, Tárik de Souza, o prêmio Nobel de Literatura concedido a Dylan é “um precedente incrível”. “Ele realmente deu uma consistência ao rock, que não tinha antes. Os Beatles e os Rolling Stones foram se inspirar nele porque realmente foi a partir dele que o rock ganhou um peso de arte, de cultura realmente. Essa premiação vem realmente coroar isso, vem mostrar que o Bob Dylan fez uma diferença brutal quando ele começou a imprimir o seu estilo. As suas letras questionadoras, bastante profundas, uma radiografia da sociedade americana”, disse à Agência Brasil.

Tárik avalia que a premiação de Bob Dylan não deve ser seguida por outros cantores da atualidade. “Bob Dylan é um caso à parte, não foi apenas um aspecto intelectual. Ele é um cara que vem da confluência da geração Beat americana, geração de poetas e ele transformou isso em uma coisa popular, de alto consumo, uma coisa de massa realmente. O sucesso dele foi estrondoso, ele realmente traduziu para o grande público as questões mais profundas através da sua poética. Ele é um artista muito singular, difícil dar um outro prêmio para outra pessoa na Arte Pop como Bob Dylan”

Repercussão

Diversas celebridades comentaram o mais novo Nobel de Literatura nas redes sociais. O presidente norte-americano Barack Obama parabenizou Bob Dylan em sua conta no Twitter. "Parabéns a um dos meus poetas favoritos", disse. O escritor britânico Salman Rushdie também usou a rede para comemorar a notícia, "Dylan é o brilhante herdeiro da tradição dos bardos. Grande escolha". O cantor brasileiro Gilberto Gil também se manifestou: "Adoro as músicas dele. Bem merecido esse prêmio".

Bob Dylan é o nome artístico de Robert Allen Zimmerman, nascido no estado de Minnesota, em 24 de maio de 1941 - compositor, cantor, pintor, ator e escritor norte-americano. Aos 10 anos Dylan escreveu seus primeiros poemas e, ainda adolescente, aprendeu piano e guitarra sozinho. Começou cantando em grupos de rock, imitando Little Richard e Buddy Holly.

Em 1959, ao entrar para a Universidade de Minnesota voltou-se para a folk music. Em 2004, foi eleito pela revista Rolling Stone o sétimo maior cantor de todos os tempos e, pela mesma revista, o segundo melhor artista da música de todos os tempos, ficando atrás somente dos Beatles. Uma de suas principais canções, Like a Rolling Stone, foi escolhida como uma das melhores de todos os tempos.

No Brasil, Dylan tem publicado os livros Crônicas - Volume 1 (Planeta), lançado em 2005 e Tarantula (1971), de 1986. Em 2012, Dylan foi condecorado com a Medalha da Liberdade pelo presidente dos Estados Unidos Barack Obama. Com o Nobel de Literatura, tornou-se o primeiro e único artista na história a ganhar também o Oscar, Grammy e o Globo de Ouro.

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