Em encontro regional que reuniu ministros da Saúde e da Agricultura das Américas no Paraguai, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) fez um apelo aos Estados-membros para que regulamentem o uso de antibióticos na pecuária. Objetivo é evitar que micróbios e bactérias desenvolvam resistência aos medicamentos — o que pode colocar em risco a saúde das pessoas.
Criação de gado na região Norte. Foto: EBC
“Sabemos que, em alguns países, quase três quartos dos medicamentos antimicrobianos são usados na criação de animais destinados ao consumo”, alertou a diretora da agência regional da ONU, Carissa F. Etienne.
A chefe da OPAS destacou que combater o uso indiscriminado dessas substâncias pode trazer benefícios sociais e econômicos, “à medida que nossa região se transforme em sinônimo de produção de alimentos saudáveis”.
De acordo com a dirigente, muitos países já têm se interessado em promover essa imagem, estimulando o cultivo orgânico e a alimentação do gado bovino com pastagem natural.
Etienne enfatizou ainda que os vínculos entre saúde e produção agropecuária “passaram a ocupar o primeiro plano (das preocupações de saúde pública) com o aparecimento e a propagação de diversas zoonoses, como as gripes H5N1 (aviária) e H1N1, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), a encefalopatia espongiforme bovina (também conhecida como doença da vaca louca) e, mais recentemente, a síndrome respiratória do Oriente Médio, o ebola, a chikungunya e o zika”.
A OPAS considera que o consumo inapropriado de antibióticos por humanos e animais é um determinante-chave do desenvolvimento de resistências às substâncias, podendo levar a “um futuro onde infecções potencialmente fatais já não tenham mais cura possível”.
Reunidos na quinta e na sexta-feira da última semana, o chefes das pastas da agricultura e da saúde, de organismos internacionais e especialistas discutiram temas que dizem respeito tanto à saúde animal, quanto à saúde humana. Segurança alimentar, erradicação da febre aftosa e monitoramento de zoonoses entraram nas pautas dos debates.
Atualmente, estimativas indicam que 77 milhões de pessoas caem doente por infecções contraídas pela comida ingerida, fenômeno que pressiona os sistemas de saúde e provocam prejuízos entre os produtores e exportadores de alimentos.