O último compromisso do Papa Francisco no domingo (14/02), terceiro dia em terras mexicanas, foi a visita ao Hospital pediátrico Federico Gomez, um centro de excelência na Cidade do México, voltado ao atendimento das crianças mais pobres do país. Anualmente são 255 mil as crianças atendidas e 6 mil as internações.
13/02/2016 - Papa Francisco durante chegada ao palácio do governo do México. Foto: Presidencia de la República Mexicana
Sempre acompanhado pela Primeira Dama Angelica Rivera e pelo Diretor do Hospital, Dr, José Alberto Garcia Aranda, Francisco percorreu diversas alas do Hospital. Inicialmente, saudou 36 crianças, acompanhadas de familiares, no primeiro andar do hospital, onde pronunciou seu discurso. O Papa saudou uma a uma as crianças, dando a elas de presente um terço. Em um dos pequenos pacientes, com um pequeno conta-gotas, pingou uma medicação em sua boca. Emoção, gestos de carinho e atenção especial a cada um dos pequenos marcaram o encontro.
Para o encontro foram preparadas catequeses, tanto para as crianças, quanto para alguns funcionários e médicos do hospital. O recurso do teatro, com uma história que falava sobre o Papa Francisco, foi usada para preparar as crianças.
Após as breves palavras de acolhida da Primeira Dama, o Papa dirigiu algumas palavras às crianças e aos funcionários, onde destacou a importância da “carinhoterapia” e das palavras “bendizer e agradecer”.
Depois, depositou flores aos pés de uma imagem de São Francisco, no pátio do hospital, dirigindo-se então ao Setor de Oncologia, onde encontrou crianças que fazem quimioterapia. Uma delas cantou Ave Maria em latim para o Papa, num dos momentos comoventes do encontro.
A entrada de Francisco na Sala do Sino foi outro momento forte. O badalar indica a cura de uma criança. Na verdade, foram duas badaladas já que, recentemente, duas crianças ficaram curadas. Uma delas é a pequena Helena Luz, que no sábado, 13, completou 7 anos. O som produzido pelo sino é como que um aviso ao céu, um agradecimento, de que uma criança foi curada. O gesto é realizado na presença de crianças em tratamento para servir de encorajamento e esperança. Por fim, o Papa encontrou de forma privada pacientes em tratamento. As imagens, por desejo do Pontífice, não foram transmitidas.
Confira a íntegra do discurso feito na ocasião
Senhor Presidente,
Senhora Primeira Dama,
Senhora Secretária da Saúde,
Senhor Diretor,
Membros do Patronato,
Famílias aqui presentes,
Amigas e amigos, queridas crianças,
boa tarde!
Agradeço a Deus que me dá a oportunidade de vir visitar-vos, de me encontrar convosco e as vossas famílias neste Hospital; de poder partilhar um pouco da vossa vida, da vida de todas as pessoas que trabalham como médicos, enfermeiros, funcionários e voluntários que vos atendem, tanta gente que está trabalhando por vocês.
Há uma passagem no Evangelho que nos narra a vida de Jesus quando era criança. Era bem pequenino, como alguns de vós. Um dia os seus pais, José e Maria, levaram-No ao Templo para O apresentarem a Deus. Então encontram um ancião que se chamava Simeão, que ao ver o Menino, com muita determinação e velhinho e com grande alegria e gratidão, toma-O nos braços e começa a bendizer a Deus. Ao ver o menino Jesus, duas coisas nasceram nele: um sentimento de gratidão e o desejo de bendizer. Ou seja, dar graças a Deus e teve vontade de bendizer.
Simeão é o "avô" que nos ensina estas duas atitudes fundamentais: agradecer e bendizer. Aqui, eu digo para vocês: os médicos bendizem vocês, cada vez que cuidam de vocês as enfermeiras, todo o pessoal, todos os que trabalham bendizem vocês, as crianças. Porém vocês também têm que aprender a bendizê-los e pedir a Jesus que cuide deles, porque eles cuidam de vocês.
Eu aqui sinto-me (e não só pela idade) muito identificado com estes dois ensinamentos de Simeão. Por um lado, ao atravessar aquela porta e ver os vossos olhos, os vossos sorrisos, os vossos rostos, veio-me o desejo de dar graças. Obrigado pelo carinho com que me recebeis; obrigado pelo afeto com que sois cuidados e acompanhados. Obrigado pelo esforço de muitos que estão a dar o seu melhor para poderdes recuperar rapidamente. É muito importante sentir-se cuidados e acompanhados, sentir-se amados e saber que estão procurando a melhor maneira de cuidar de nós. Por todas estas pessoas, digo obrigado.
E, ao mesmo tempo, quero abençoar-vos. Quero pedir a Deus que vos abençoe, que acompanhe a vós e aos vossos familiares, a todas as pessoas que trabalham nesta casa e procuram que estes sorrisos continuem a crescer cada dia; a todas as pessoas que, não só com medicamentos mas sobretudo com a «carinhoterapia», ajudam para que este tempo seja vivido com maior alegria. Tão importante "a carinhoterapia"! Tão importante, às vezes um carinho ajuda tanto a recuperar-se
Conheceis o índio Juan Diego? Levante a mão quem o conhece. Quando o tio de Juanito, Juan Diego, caiu doente, este ficou muito preocupado e angustiado. Naquele momento, aparece a Virgem de Guadalupe e diz-lhe: "Não se perturbe o teu coração, nem te inquiete coisa alguma. Não estou aqui Eu, que sou tua Mãe?"
Temos a nossa Mãe. Peçamos-Lhe que nos ofereça ao seu Filho Jesus. E agora vou pedir às crianças uma coisa, fechem os olhos, fechemos os olhos e peçamos aquilo que deseja o nosso coração hoje; um pouqinho de silêncio com os olhos fechados e dentro peçamos o que queremos. E agora juntos digamos para nossa Mãe: Ave Maria…
Que o Senhor e a Virgem de Guadalupe sempre vos acompanhem. Muito obrigado! E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim”
*Texto original publicado pela Rádio Vaticano.