A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, fizeram pronunciamento conjunto no Parlamento Europeu, em Strasburgo, na França, apelando por maior integração e cooperação para lidar com o grande desafio que o bloco enfrenta no momento: a crise de refugiados.
24/08/2015 - Berlim - O presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, exigiram em Berlim uma resposta “unificada” da Europa frente à crise dos migrantes, em uma declaração conjunta. Foto: Élysée/Présidence de la République française
Pela primeira vez em 26 anos, líderes dos dois países se dirigiram ao parlamento em um discurso conjunto. Em 1989, logo após a queda do Muro de Berlim e o fim da Alemanha dividida, o então chanceler alemão Helmut Kohl e o presidente da França à época, François Mitterrand, celebraram o momento histórico, que representava o fim da Guerra Fria e falaram em expansão e fortalecimento do bloco europeu.
Mas, desta vez, o clima é de uma União Europeia ameaçada. A falta de entendimento sobre como lidar com a crise de refugiados criou tensões entre os países-membros. E alguns, como a Hungria, se voltaram para a proteção e os interesses nacionais, com o isolamento de fronteiras com muros e cercas. A aprovação do plano para realocar 160 mil refugiados passou por maioria, não por consenso. “Eu estou convencido de que, se nós não formos além, nós vamos regredir e será o fim do projeto europeu”, disse Hollande.
A ênfase do discurso, na última quarta-feira (07), foi por maior unidade para enfrentar o desafio de acolher mais de meio milhão de pessoas que cruzaram as fronteiras europeias este ano. “Os padrões humanitários mínimos para acomodação de refugiados e processamento dos pedidos de asilo precisam ser assegurados. Nós precisamos nos orientar com base nos valores dos tratados europeus: dignidade humana, tolerância, respeito aos Direitos Humanos e solidariedade”, afirmou Merkel.
O atual sistema de registro do refugiado no país de chegada foi criticado como “obsoleto”, levantando, mais uma vez, a questão da reformulação das leis de asilo. E ambos os líderes reforçaram a urgência em lidar com os problemas que estão na raiz da crise: a guerra na Síria e a situação na Turquia, onde estão cerca de dois milhões de refugiados sírios e cujo litoral tem sido usado intensamente como rota até a Europa. Formas de cooperação com o governo turco estão sendo discutidas, para que os refugiados possam ser recepcionados e abrigados no país, com apoio da União Europeia.