A ONU lançou, na última segunda-feira (23), relatório de direitos humanos mostrando um aumento da violência sectária no Iraque, bem como a deterioração do Estado de Direito em várias partes do país. O documento, produzido conjuntamente pela Missão de Assistência da ONU para o Iraque (UNAMI) e o Escritório o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH), cobre o período de 11 de setembro a 10 de dezembro de 2014.
Crianças Yazidi em um campo de refugiados em Erbil, no Iraque. Foto: Robert Jaeger/EPA
Membros de diferentes etnias são alvos sistemáticos e intencionais do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL), no que aparenta ser uma política deliberada para destruir, suprimir ou expulsar essas comunidades das áreas sob o controle do grupo.
“O ataque a civis, baseado em sua religião ou etnia, é absolutamente desprezível e não podemos economizar esforços para garantir a responsabilização desses crimes”, disse o chefe do ACNUDH, Zeid Ra’ad Al Hussein, solicitando ao Iraque que assine o Estatuto de Roma e passe, dessa forma, a aceitar o exercício da jurisdição do Tribunal Penal Internacional.
O relatório afirma que muitos dos abusos cometidos pelo ISIL no país podem ser considerados crimes de guerra, contra a humanidade e, possivelmente, genocídio. Violações envolvendo forças do governo também foram citadas. “Grupos armados que clamam estar afiliados ou apoiando o governo também perpetraram assassinatos orientados, incluindo combatentes capturados do ISIL e grupos armados associados, sequestros de civis e outros abusos”.
Ao menos 11.602 pessoas foram mortas e 21.766 feridas entre o começo de janeiro e 10 de dezembro de 2014. O relatório destaca, no entanto, que o número de mortes em decorrência de efeitos secundários da violência, como falta de acesso a alimentos, água e assistência médica, pode ser ainda muito maior.