Na semana passada, precisamente no dia 12 de junho, em meio a de tantas notícias – abertura dos jogos Copa do Mundo, eleições presidenciais, falta d’água no sudeste, excesso de água no norte, manifestações, black blocs, vandalismos, destruições de equipamentos públicos, conflitos entre sunitas e xiitas no Iraque, etc. – nos telejornais um fato chamou muito atenção: o diálogo de um pai e de um filho.
Tal fato ocorreu durante uma manifestação na zona leste de São Paulo. A cena dramática mostra um pai que luta desesperado para tirar seu filho – menor de idade, dos protestos violentos liderados pelos black blocs, promovendo atos de vandalismo e confrontação com a Polícia Militar.
As imagens e o diálogo, registrados por jornalistas do mundo inteiro, mostram de um lado o pai, tentando convencer o jovem a voltar para casa. Do outro o filho, que dizia ter direito de protestar por melhores condições de saúde e educação. Eis alguns fragmentos do diálogo:
- “Deixa eu protestar – dizia o rapaz”.
- “Você vai ter o seu direito quando trabalhar e ganhar o seu dinheiro. Eu sou seu pai, escuta o seu pai”. O pai tirou a camiseta do rosto do filho, dizendo “você não é criado para isso. Eu trabalho para te sustentar, não é para você esconder a cara”.
- “Eu quero escola, eu quero saúde. Deixa eu protestar”.
- “Eu pago a sua escola. Eu e sua mãe trabalhamos para te sustentar. Vamos para casa, por favor, filho. Você não vai mudar o mundo. Meu filho, você tem 16 anos, não é a hora agora. Eu te amo, cara. Você é meu filho. Eu estou pedindo demais? Filho, um passo de cada vez” – implorava o pai.
O caso é emblemático e em tempos de crise de referência se tornou uma aula de respeito e amorosidade. Podemos extrair desse gesto paterno muitas lições:
1ª lição: o diálogo, mesmo que ríspido, ainda é o melhor caminho na busca de consensos diante de qualquer conflito; 2ª lição: a democracia exige mobilização social, argumentos políticos, causas objetivas, lideranças positivas; 3ª lição: uma cultura eticamente avançada, esteticamente aperfeiçoada e democraticamente participativa se faz com liberdade e transparência, isto é, literalmente sem mascaras; 4ª lição: o amor é a primeira e a mais legítima de todas as reivindicações.
São gestos como estes que renovam em cada um de nós o desejo de lutar pela construção de um mundo unido.