Projetos como o que discute, nas escolas, a violência contra a juventude negra, e outro que debate a representação da mulher na mídia, estão entre os ganhadores do Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos, entregue ontem (24), em Brasília.
São dez premiados entre as quatro categorias e uma menção honrosa que vão dividir o valor de R$ 100 mil. O prêmio é bienal, e nesta edição foram cerca de 260 trabalhos inscritos de instituições públicas e privadas, de educação básica e superior, além de secretarias de educação e instituições do terceiro setor. O objetivo é incentivar, por meio da educação, a formação de uma cultura de defesa dos direitos humanos. O prêmio é uma iniciativa da Secretaria de Direitos Humanos e do Ministério da Educação, com apoio de organizações da área de educação e direitos humanos.
Ministros Ideli Salvatti (Direitos Humanos), José Henrique Paim (Educação) e Evandro Passos, do projeto Dança Afro de BH, na entrega do 4º Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
Um dos projetos premiados é o Dança Afro em Belo Horizonte: contra o Genocídio da Juventude Negra – uma Experiência Educativa e Inclusiva de Jovens de Vilas e Favelas. O trabalho é desenvolvido por uma associação que atua em escolas e, a partir da dança afro, faz discussões sobre a valorização da cultura afro-brasileira e de temas como a violência, que atinge os jovens negros, a homofobia, questões de gênero e os desafios para a inclusão no mercado de trabalho.
“Percebemos, ao longo dos anos, que muitos desses jovens haviam sofrido violências e isso tudo se reflete no corpo. São tímidos, calados, não verbalizam muito e a gente faz um trabalho corporal com as danças afro para isso. Usamos a dança como mote para discutirmos várias questões”, explica o coordenador do projeto, Evandro Passos.
Após décadas de atuação junto aos estudantes, o coordenador conta que, mesmo que os jovens não se interessem pela carreira artística, os ensinamentos aprendidos passam a permear a trajetória deles, que se tornam multiplicadores dos conceitos.
Após o anúncio dos vencedores, o ministro da Educação, Henrique Paim, destacou a importância do prêmio para a formação de valores e a importância dos professores no processo. “Sabemos que a educação tem papel fundamental para difundir os valores da cultura de paz, da diversidade, valores que trabalham contra a discriminação. Isso tudo tem que ser trabalhado na escola e os professores têm papel fundamental nesse processo”, disse.
A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, ressaltou o resultado alcançado de trazer para as salas de aula a discussão sobre a temática. “Sou professora e tenho convicção que a defesa, promoção e valorização dos direitos humanos não se dá sem a participação do processo educativo”.
O vencedor na categoria Sociedade na Educação em Direitos Humanos foi um projeto que leva a cultura cigana para as salas de aula, no Distrito Federal. A iniciativa Kalinka – Ciganos na Minha Escola: uma História Invisível, faz um trabalho de orientação de docentes e gestores governamentais sobre a história, tradições e costumes do povo Romá no Brasil e no mundo. A intenção é fortalecer a diversidade étnica e cultural, por meio de estratégias didáticas. O projeto é executado pela Associação Internacional Maylê Sara Kali.
Entre os premiados estão ainda projetos ligados à educação para presidiários e a adoção de um ano temático para discutir assuntos relacionados aos 21 anos da ditadura militar, implantada no Brasil há 50 anos. A lista completa com os premiados está na página www.educacaoemdireitoshumanos.sdh.gov.br da internet.