Histórias, cabelos e uma boa dose de imaginação. É com essa combinação que o coletivo cultural Manifesto Crespo utiliza atividades lúdicas para estimular o ensino sobre cultura afro-brasileira e africana. Com oficinas que incluem desde a contação de histórias até atividades que promovem o autoconhecimento, o grupo tenta incentivar a aceitação da diversidade e as diferenças capilares entre crianças e adolescentes.
Foto: Divulgação
A ideia do coletivo surgiu em 2010, com um grupo de mulheres trançadeiras, incluindo as integrantes Denna Hill, Lúcia Udemezue, Nina Vieira e Thays Quadros. Inicialmente, o grupo era focado na discussão sobre o cabelo crespo. Aos poucos, o projeto foi se expandindo e tratando questões sobre cultura afro-brasileira, suas produções artísticas e estéticas. Após dois anos, a ação também já estava desenvolvendo suas primeiras atividades com o público infantil, percorrendo diversos espaços, como ONGs, centros culturais e escolas públicas.
Quando as crianças já estão enturmadas, a equipe do Manifesto Crespo inicia um período de apresentação do coletivo e em seguida faz a contação de uma história. Geralmente, o livro escolhido é o “Betina”, de Nilma Lino Gomes, que fala sobre uma garota negra que aprendeu a trançar os cabelos com a sua avó. Depois de ouvir esse enredo, os participantes se reúnem em grupos e tentam encontrar uma maneira de fazer a releitura da história, seja com uma encenação, com um desenho ou aprendendo a fazer tranças iguais as da personagem.
“Nós tentamos despertar a consciência de que existem crianças iguais, mas com cabelos diferentes”, explicou Thays Quadros, produtora e arte-educadora do coletivo. Segundo ela, ao trabalhar essas atividades com meninos e meninas é possível desconstruir essa ideia de que existe cabelo duro ou ruim. “A gente tira isso e tenta estimular o autoconhecimento para que os alunos percebam as diferenças.” Durante toda a atividade, as crianças são incentivadas a se conhecerem melhor e, ao mesmo tempo, conhecerem os seus colegas, atuando como uma forma de promover o respeito à diversidade.
“Quando a gente mostra a arte que nós, negros, trouxemos, os alunos percebem que não existem motivos para o preconceito”, contou, ao falar sobre diversas contribuições trazidas pela cultura afro, como as tranças, a corda e a capoeira.
Na semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra, para contribuir com os professores que desejam ampliar o debate sobre esse tema, o portal Porvir indicou alguns recursos digitais que tratam da cultura afro-brasileira e africana. Confira:
O site desenvolvido pelo Instituto de Políticas Relacionais apresenta registros e histórias da cultura afro-brasileira coletada em diversos pontos espalhados pelo país. Na página é possível conhecer comunidades quilombolas e povos tradicionais, além de acessar recursos multimídia como vídeos e fotos.
O podcast explora diversos conteúdos relacionados à cultura africana, diversidade e pluralidade. O recurso pode ser utilizado tanto com alunos do ensino fundamental, como alunos do ensino médio.
O plano de aula apresenta dicas, recursos e atividades que ajudam o professor a trabalhar com os seus alunos o dia nacional da Consciência Negra. A proposta busca ações que instigam os estudantes a entenderem a importância da data.
O site reúne livros, músicas, séries e artigos que promovem a valorização da cultura afro. A iniciativa é resultado de uma parceria entre o Canal Futura, a Petrobras, o Centro de Informação e Documentação do Artista Negro, o Ministério da Educação , a Fundação Palmares, a TV Globo e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
O vídeo trata sobre a questão do preconceito racial e o respeito à diversidade. Com 26 minutos de duração, o material é indicado para alunos do ensino médio.
O áudio promove a influência da cultura africana na história do país, apresentando propagandas e jingles no formato de um programa de rádio.