ESTE É o mês em que o Brasil começa a “respirar” futebol. Quer você curta quer não, o esporte certamente será o tema da vez. E se ainda não sabemos se 2022 será o ano do hexa, já sabemos que foi o de crescimento das plataformas de streaming de esportes e jogos eletrônicos, assim como da ascensão dos seus criadores de conteúdo.
A gente explica melhor. Se até então a transmissão dos principais campeonatos, especialmente de futebol, vôlei e basquete, ficava restrita aos contratos com grandes emissoras, agora está mais democratizada. Plataformas como Twitch e NSports – verdadeiras Netflix dos jogos virtuais – começaram a ganhar tanto espaço e personagens capazes de atrair audiências homéricas que, agora, os times não negociam transmissões apenas com as TVs abertas, mas também com canais de streaming.
Para se ter uma ideia, a Twitch (não confunda com Twitter rs) somou 1,9 bilhão de horas de visualizações em suas transmissões apenas no mês de agosto deste ano, de acordo com o levantamento State of Stream. Seus principais rivais, nada mais nada menos que o Facebook Gaming e Youtube Gaming, registraram respectivamente 399 milhões e 305 milhões de horas no mesmo mês.
Outra plataforma que exemplifica a mudança do público pela preferência em assistir a jogos e campeonatos pelos streamings é a NSports. Considerada a primeira plataforma de streaming esportivo do país, em 2022 já transmitiu os campeonatos estaduais de Santa Catarina e do Paraná. Apenas para citar mais uma, a Eleven Sports também transmitiu dez campeonatos estaduais, inclusive o cariocão, em parcerias com suas respectivas federações.
No entanto, não estamos falando apenas de futebol. Essa mudança no mercado, ao que tudo indica, tem sido vantajosa para clubes, ligas, atletas e especialmente para os torcedores. Isso porque diversas ligas e federações começaram também a criar seus próprios canais de streaming, como o Vôlei Brasil, o da Liga de Basquete Feminino e o da Liga Feminina de Futsal. Com transmissões ao vivo e mensalidades acessíveis, essas plataformas aproximam cada vez mais as torcidas dos seus times preferidos, com mais acesso e visibilidade.
Mas para explicar o sucesso dessas plataformas, precisamos também falar dos seus produtores de conteúdo. Se você ainda não ouviu falar em Casimiro Miguel, muito provavelmente saberá quem ele é durante a Copa do Mundo. O carioca é um jovem de 28 anos, bem-humorado e comunicativo, que comenta os jogos em tempo real em seus canais de streaming – não apenas jogos, mas também programas de televisão e amenidades. Com espontaneidade e muita história para contar, Miguel começou a fazer sucesso na TV aberta, mas ganhou fama nas plataformas on-line. Apenas na Twitch, ele acumula mais de 2,9 milhões de seguidores.
“Esse ano, essas plataformas começaram a ter mais ofertas de jogos. Acompanho o Casimiro, e na programação dele tem campeonato carioca, jogos do Atlético Paranaense e teve até jogo do campeonato alemão”, comenta Daniel Neves, do Rio de Janeiro.
Com tamanha popularidade, Miguel já foi contratado para transmitir em seus canais o campeonato brasileiro e o carioca e para ser comentarista da Copa do Brasil na Amazon Prime. E não para por aí. O influenciador já fechou parcerias com McDonalds e Vivo para criar conteúdo para as marcas durante o campeonato mundial de futebol.
Outro fenômeno das plataformas de streaming é Alexandre “Gaules”. O brasileiro é o quarto streamer mais assistido do mundo na Twitch com 8.93 milhões de horas assistidas, de acordo com o Stream Charts. Ex-jogador profissional de Counter-Strike, um jogo eletrônico, hoje Gaules transmite até corrida de Fórmula 1.
“Acompanho o Gaules há uns dois anos. Ele faz de uma forma, na minha visão, inovadora. Não é aquela narração tradicional, é como se ele estivesse numa arquibancada comentando o jogo com os amigos. É uma coisa mais descontraída, que aproxima quem está assistindo ao jogo. E um tempo atrás, depois da quebra do monopólio de uma grande emissora da transmissão de futebol, já vi campeonatos de alguns jogos transmitidos pelo Casimiro. Achei bem interessante porque também foge do padrão de tv aberta”, conta Bernardo Bernardi, de Dourados, no Mato Grosso do Sul.
Esse novo modelo de transmissões atrai especialmente audiências mais jovens e pelo visto chegou para ficar. Ao misturar humor, interação, jogos e dar espaço para novos produtores de conteúdo, as plataformas de streaming esportivas devem continuar crescendo nos próximos anos, reinventando a forma como assistimos aos jogos e torcemos pelos nossos times.
Por enquanto, a Copa do Mundo continua sendo transmitida apenas pela TV aberta. Mas seja de onde for, estaremos juntos torcendo pelo hexa!