Para ajudar crianças com câncer, 21 internas do presídio feminino Nelson Hungria, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro, decidiram cortar seus cabelos para doação. Todo o cabelo recolhido durante a campanha "Doar para recuperar", como vem sendo chamada pelas detentas, será destinado para as crianças da Casa Ronald McDonald, no Maracanã, que dá apoio a crianças vítimas da doença.
Detentas do Presídio Feminino do Distrito Federal. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil (11/09/2012)
A ideia partiu de uma das detentas, enquanto assistia um programa de televisão que mostrava uma criança norte-americana doando seu cabelo para uma instituição que ajuda meninos e meninas durante o tratamento. “Uma interna foi passando a ideia para a outra, como uma corrente. As detentas chegam aqui desacreditadas, e o fato de poder levar esperança para quem precisa traz alegria para elas", afirma a diretora do presídio, Ana Gabriela Rosa.
Os cortes foram feitos no salão de beleza da própria unidade prisional, ao longo de duas semanas. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) viabilizou a campanha e é responsável por organizar uma cerimônia de entrega das mechas para a Casa Ronald McDonald, que irá confeccionar as perucas e distribuí-las aos pacientes.
Junto com as perucas serão entregues cartas escritas pelas detentas, explicando o motivo da iniciativa e com votos de recuperação. "Quando assisti à reportagem, pensei que poderíamos dar um grande exemplo, até para os outros presídios do país. Estou me sentindo bonita por dentro e por fora, e feliz, porque a secretaria nos apoiou nessa ideia", relata a interna Andréia Nicola, de 40 anos.
A iniciativa foi tão bem recebida por todos no presídio que as detentas já estão planejando se reunir para fazer uma doação de sangue. "As que não puderam doar o cabelo cogitaram iniciar uma campanha para doação de sangue. Este é o nosso próximo projeto, e muitas já se interessaram em participar. É muito bonito ver que elas estão fazendo isso por vontade própria, porque se sentem bem e valorizadas" explica Ana Gabriela.