Desde que deixou a Itália em 1978 para viver em Nova Iguaçu, na baixada fluminense, Renato Chiera tem se dedicado generosamente àquilo que o papa Francisco chamou recentemente "periferias da existência". Indignado com as chocantes privações materias, psicológicas e espirituais que encontrou no violento ambiente que adotou como lar, o padre decidiu fazer alguma coisa. Não podia aceitar que se repetisse a história do Pirata, menino assassinado pelo tráfico na frente de sua casa. Colocou o carro fora da garagem, comprou colchões e cobertores e deixou dormir ali os "sem casa, sem pai, sem mãe, sem amor". Nascia assim, com o apoio de uma vasta rede de solidariedade, a Casa do Menor, que hoje tem cinco sedes no estado do Rio de Janeiro, duas no Ceará e uma em Alagoas.
A Escola de Samba Acadêmicos de Nova Brasília levou a história da Casa do Menor para a Sapucalight, em Nova Iguaçu, no Desfile de Carnaval 2015. Foto: Divulgação/Casa do Menor
Foi essa história de amor e superação que a Escola de Samba Acadêmicos de Nova Brasília escolheu levar para a Sapucalight, em Nova Iguaçu, no Desfile de Carnaval 2015. Com o enredo “Da Itália ao Brasil, um sonho de solidariedade na Baixada Fluminense”, a agremiação encheu a avenida de cores, alegria e esperança.
“Lembro-me de 1983, na paróquia de Santa Rita, em Cruzeiro do Sul, quando me deparei na garagem com um adolescente, conhecido como Pirata, que estava muito ferido e sendo caçado pela polícia. Poucos meses depois, ele foi assassinado em frente à minha casa paroquial, onde o acolhi. Durante aquela noite uma frase do Evangelho ardia em meu coração: Aquilo que fizeste a um destes irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes. Nascia, então, a Casa do Menor São Miguel Arcanjo”, relatou emocionado padre Renato, que desfilou no primeiro carro da escola ao lado de crianças e adolescentes da comunidade.
"Sinto-me honrado em ter mais essa missão de levar a mensagem de Deus a lugares nada convencionais", concluiu o padre.