Trocar, emprestar e alugar produtos assim como adquirir produtos usados não são práticas necessariamente novas quando se pensa em obter acesso a bens e serviços. Mas o crescimento da internet e o fortalecimento de redes sociais, aliado às restrições ao consumo em economias estremecidas nos últimos anos, transformaram esses verbos em uma nova forma de consumir, que ganha cada vez mais adeptos (e também críticos) pelo mundo afora.
Projeto Bike Brasília - que promove o compartilhamento de bicicletas. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Trata-se do consumo colaborativo ou compartilhado, formato que coloca a ênfase não na posse e propriedade de bens, mas no acesso a produtos e serviços que são trocados, alugados, compartilhados, emprestados ou até mesmo doados por outros consumidores. Na era da sociedade de consumo, sai o sujeito comprador, entra o usuário.
Pesquisa inédita da Market Analysis com mais de 900 brasileiros adultos residentes nas principais capitais do país revela que pelo menos uma em cada cinco pessoas já ouviu falar ou leu alguma coisa a respeito do consumo colaborativo ou compartilhado (20%), proporção que dobra entre as pessoas no topo da pirâmide socioeconômica e de alta escolaridade (42% na classe A).
Associação de marca
O consumo colaborativo está longe de ter uma face exclusivamente romântica e anticapitalista. Sua principal associação de marca é com o Banco Itaú, líder no ranking de empresas espontaneamente vinculadas com essa nova economia com 16% das menções, em grande medida fruto da visibilidade da marca no programa de uso compartilhado de bicicletas disponibilizado em algumas cidades brasileiras. Em segundo lugar figura a empresa OLX, o sites de classificados gratuitos potencializador da troca ou revenda de bens usados em algumas categorias, com 10% das menções.
Do total de familiarizados com o conceito, mais de um terço (36%) praticaram alguma forma de consumo colaborativo nos últimos 12 meses, o que totaliza uma incidência líquida de 7% entre a população geral. A troca ou venda de produtos usados é a prática mais comum (73%), seguida de longe pelo aluguel ou empréstimo de bens (15%), aluguel de carro ou carona (13%), contratação coletiva de serviços (12%) e engajamento em hospedagem solidária ou paga (8%).
Barreiras como a desconfiança geral em outras pessoas e os questionamentos impulsionados por órgãos reguladores e associações setoriais representam entraves ao rápido florescimento do setor, muito embora exista uma percepção favorável ao consumo colaborativo que reconhece nele virtudes ambientais, de sociabilidade e de economia.
Metodologia
A pesquisa O Consumo Colaborativo e o Consumidor Brasileiro foi realizada por meio de entrevistas face a face com uma amostra representativa de 905 adultos (entre 18 e 69 anos), pertencentes a todas as classes socioeconômicas e grupos etários.
O estudo abrange as seguintes capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Manaus, Belém, Brasília e Goiânia. As entrevistas foram realizadas entre os dias 18 de janeiro e 12 de fevereiro de 2015.